São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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IGREJA CATÓLICA

Papa reconheceu como santo o frade capuchinho que carregou estigmas de Cristo por mais de 50 anos

Canonização de Padre Pio reúne cerca de 300 mil fiéis

DA REDAÇÃO

Em uma das cerimônias religiosas de maior concentração de fiéis da história de Roma, o papa João Paulo 2º, 82, canonizou ontem Padre Pio (1887-1968), um frade capuchinho que carregou estigmas de Cristo por mais de 50 anos.
Cerca de 300 mil pessoas de diversas partes do mundo abarrotaram a praça São Pedro e as ruas ao seu redor. Mais de 4.000 ônibus e 50 trens especiais transportaram fiéis de todos os recantos da Itália.
João Paulo 2º, que declarou ser devoto do frade franciscano morto aos 81 anos, presidiu a cerimônia solene de canonização de uma das figuras católicas mais populares do século 20.
Vivas e aplausos ecoaram por Roma e por toda a Itália no momento em que o papa, ornado com vestimentas douradas e brancas, proclamou Padre Pio, que nasceu na pequena cidade de Pietrelcina, santo.
"Nós incluímos o abençoado Pio de Pietrelcina no cânone dos santos e nós instituímos que, através da sagrada Igreja Católica, ele será honrado com devoção", disse o papa com uma voz trêmula.
Em San Giovanni Rotondo, cidade que abriga o monastério onde Pio passou grande parte da sua vida, houve uma grande explosão de fogos de artifício. A cidade se transformou em um centro de peregrinação que gira em torno do culto à imagem do padre.
No Vaticano, pelotões civis de proteção foram convocados para distribuir cerca de 1 milhão de garrafas de água à multidão que assistia à cerimônia sob sol forte.
Telões foram dispostos ao longo de avenidas próximas ao Vaticano para que os peregrinos pudessem acompanhar a cerimônia.
A polícia local alertou os fiéis sobre a possível ação de batedores de carteiras, que encontrariam na multidão presente na canonização a situação que pediram a Deus para agir.
A canonização de Padre Pio foi também um sonho celeste para vendedores de suvenires, que se amontoaram nas ruas ao redor do Vaticano.
Pelo menos dois milagres são conferidos a Padre Pio, o número requerido pela igreja para conceder o título de santo a alguém.
Antes de sua beatificação -o penúltimo passo antes da canonização-, em 1999, Padre Pio obteve o crédito por uma cura médica inexplicável de uma mulher italiana que sofria de uma doença pulmonar grave e rezou para o frade italiano.
O segundo milagre de Padre Pio foi a cura de um garoto italiano de 11 anos que tinha meningite e cuja mãe rezou para o franciscano no período em que seu filho esteve em estado de coma.
Há ainda histórias que contam que Padre Pio lutou com o próprio demônio na cela do monastério em que vivia, profetizou acontecimentos na vida de alguns dos fiéis que o visitaram, previu a confissão de penitentes antes de eles abrirem a boca e esteve em dois lugares diferentes ao mesmo tempo.
Pio viveu a maior parte de sua vida em um monastério no qual recebia fiéis para confissões com hora marcada.
O perfil místico de Padre Pio era completado pelos estigmas que tinha, desde os 23 anos, nas mãos, nos pés e no tórax, semelhantes às chagas que Jesus Cristo recebeu da cruz. Ele usava luvas para absorver o sangue que corria das feridas e para cobri-las. Médicos nunca conseguiram explicar as chagas de Padre Pio. As feridas cicatrizaram apenas no dia de sua morte, mais de 50 anos depois.


Com agências internacionais


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