São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2005

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Sunitas fecham acordo para redigir Constituição

DA REDAÇÃO

Após semanas de impasse, o Comitê Constitucional iraquiano, majoritariamente xiita, fechou ontem um acordo com representantes da minoria sunita para reintegrá-los ao processo, que deve culminar com a entrega do texto da nova Carta em 15 de agosto.
A discussão sobre a representatividade sunita no comitê não só atrasou como colocou em xeque o processo. A lei provisória iraquiana determina que a nova Constituição seja aprovada em referendo por 16 das 18 Províncias iraquianas -ou seja, um "não" nas Províncias dominadas pelo sunitas, provável no caso de um texto elaborado sem sua participação, equivaleria a um veto.
Porque boicotaram as eleições parlamentares em 30 de janeiro, os árabes sunitas -que perfazem 20% da população iraquiana - tinham apenas duas das 55 cadeiras no Comitê Constitucional. Com isso, alijaram-se do processo, até agora dominado pela maioria árabe xiita (representante de cerca de 60% da população) e pelos curdos (cerca de 15%).
Na tentativa de resolver o impasse, o governo ofereceu que a representação sunita fosse ampliada para 15 assentos, mesmo número de cadeiras que têm os curdos. Mas a proposta foi rechaçada por um grupo de líderes da minoria, que pediu 25 assentos.
Ontem, Bahaa al Araji, um integrante graduado do comitê, afirmou que foi fechado um acordo para aumentar o comitê para 70 membros, com a integração de mais 15 representantes sunitas. Além disso, serão criados 15 cargos de consultores, dos quais 10 serão entregues a sunitas -os demais ficarão com outras minorias. Segundo Araji, caberá a líderes sunitas apresentar os nomes ao comitê.
Adnan al Dulaimi, líder do grupo de líderes que pleiteia maior representatividade, o Conferência Sunita, afirmou que a proposta foi aceita, e os nomes dos novos representantes serão entregues nos próximos dias.
"Concordamos em acabar com a controvérsia. Assim ninguém pode dizer que nós atrasamos o processo constitucional", afirmou Dulaimi. "Já há dois sunitas no comitê, então seremos 17."
Uma vez aprovada no referendo, a Constituição entrará em vigor a tempo de reger novas eleições parlamentares em dezembro próximo, completando a transição política no Iraque pós-Saddam Hussein.


Com agências internacionais

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