São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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Humala tenta estancar debandada de congressistas

Ex-aliado do candidato nacionalista, Torres Caro anuncia bloco independente com até oito dissidentes; García aplaude decisão

DA REPORTAGEM LOCAL

Recém-derrotado no segundo turno das eleições presidenciais peruanas, em 4 de junho, o candidato nacionalista Ollanta Humala prometeu encabeçar uma dura oposição a Alan García. Agora, no entanto, ele tenta estancar a hemorragia de sua principal arma política: a bancada de 45 parlamentares, a maior do novo Congresso, que assume no mês que vem.
A revolta na base nacionalista é liderada por um dos principais aliados de Humala ao longo da campanha, o seu candidato a segundo vice-presidente, Carlos Torres Caro (hás dois vices no Peru), também eleito congressista no primeiro turno, em 9 de abril.
Na segunda-feira, Torres Caro anunciou o seu rompimento com o UPP (União pelo Peru). Segundo ele, de quatro a sete congressistas completariam a dissidência.
"A Frente Nacionalista Democrática e Popular que [Ollanta Humala] anunciou desenvolverá uma política de oposição radical, sem haver comunicado as bases nem tê-las consultado, nem mesmo os eleitos democraticamente pelo povo. Não queremos ser cúmplices disso", disse, em entrevista coletiva.
O inesperado anúncio de Torres Caro, um advogado acusado ao longo da campanha de vínculos com o ex-presidente Alberto Fujimori, desatou uma guerra de bastidores nos últimos com Humala.
A ação do líder nacionalista conseguiu que os demais congressistas que estariam com Torres Caro adiassem sua decisão até a reunião geral do partido, no próximo dia 28. Pelo menos um deles, Isaac Meckler, recuou e disse que não deixará a liderança de Humala.
A decisão de Torres Caro gerou elogios públicos de García, interessado em aumentar seu apoio no Congresso, que no Peru é unicameral. Seu partido, o Apra (Aliança Popular Revolucionária Americana, de centro-esquerda), conseguiu eleger 36 congressistas, o que representa a segunda maior bancada.
Como costuma ocorrer na região, a maioria no Congresso é considerada crucial para assegurar a governabilidade no Peru. Nas últimas semanas, García chegou a dizer que não descarta dissolver o Congresso recém-eleito e convocar novas eleições caso seja necessário, conforme está previsto na Constituição. (FM)


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