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Israel intensifica ação após
foguete matar 8 em Haifa
Quinto dia de ofensiva israelense no Líbano deixa 45 mortos, elevando total a
145
Premiê da Itália divulga as
condições para cessar-fogo
apresentadas por Israel, que
voltou a acusar Síria e Irã de
armar extremistas libaneses
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV
Em meio a esforços diplomático mediados pela Itália para
pôr fim aos combates, a escalada de violência no Oriente Médio se agravou ontem, no quinto dia, com o Exército de Israel
intensificando sua ofensiva no
Líbano depois que um míssil
disparado pelo grupo terrorista
Hizbollah matou oito pessoas
na cidade de Haifa.
A retaliação de Israel deixou
45 mortos, segundo autoridades libanesas, elevando o número de baixas civis a 145, em
cinco dias de ataques. No lado
israelense, 12 civis e 12 soldados já foram mortos.
Israel sofreu ontem o pior
ataque desde o início dos confrontos, na quarta-feira. Sete
civis e um soldado foram mortos por um foguete lançado pelo Hizbollah contra Haifa, terceira maior cidade israelense, a
35 quilômetros do Líbano. No
ataque de maior alcance até
agora, foram atingidas as cidade de Afula e Nazaré, a 50 quilômetros da fronteira, mas não há
registro de vítimas.
"Vamos continuar. Ainda temos muito mais e estamos só
no começo", disse o líder do
Hizbollah, Hassan Nasrallah,
em mensagem transmitida pelo canal de TV do grupo, Al Manar. "Enquanto o inimigo continuar sua agressão sem limites, continuaremos o confronto
sem limites. O Hizbollah não
está lutando uma batalha pelo
Hizbollah, nem mesmo pelo Líbano. Estamos agora lutando
pela nação islâmica."
Ontem, o líder supremo do
Irã, o aiatolá Ali Khamenei,
chamou o Hizbollah de "movimento islâmico genuíno, cujo
progresso deveria ser um
exemplo para os muçulmanos".
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que
Israel está passando por um período "difícil" e previu que ele
"não vai terminar rapidamente": "Vamos mostrar determinação, força e consideração pelo tempo que for exigido."
Mediação italiana
O governo do Líbano afirmou
ontem que o premiê italiano,
Romano Prodi, atuando como
mediador, apresentou as condições israelenses para um cessar-fogo, que envolvem a devolução dos dois soldados seqüestrados pelo Hizbollah e o recuo
do grupo além do rio Litani, a
20 quilômetros da fronteira.
O ministro da Defesa de Israel, o trabalhista Amir Peretz,
disse que os "civis que colaboram com o Hizbollah devem saber que são agora suscetíveis à
nossa retaliação". O norte de
Israel foi colocado em estado
de emergência e cerca de 1 milhão de pessoas passou a maior
parte do tempo em abrigos.
Tel Aviv e arredores, a 130
quilômetros do Líbano, estão
em estado de alerta.
No Líbano, segundo autoridades locais, pelo menos 45 civis morreram ontem em bombardeios israelenses. Mais de
cem ficaram feridos. A área xiita no sul do Líbano, onde fica o
comando do Hizbollah, foi praticamente destruída. Milhares
de pessoas fugiram. O número
de combatentes do Hizbollah
mortos até agora no conflito é
desconhecido. O grupo não
anuncia baixas.
O chefe do Estado Maior do
Exército de Israel, Dan Halutz,
disse que alguns dos mísseis
disparados contra Haifa foram
provavelmente de modelo iraniano, produzidos pela Síria.
O governo sírio prometeu
ontem uma resposta "firme, direta e ilimitada" a qualquer ataque de Israel. A imprensa árabe
informou que Damasco começou a mobilizar unidades de reserva. Um porta-voz iraniano
disse que o país está do lado da
Síria e que Israel pode sofrer
"perdas inimagináveis".
Depois do ataque a Haifa,
aviões de Israel lançaram panfletos sobre o sul do Líbano,
dando duas horas para os civis
deixarem as casas, antes do início dos bombardeios.
Na cidade de Tiro, um bombardeio israelense matou pelo
menos 16 civis e deixou dezenas de feridos. Israel afirma
que de lá partiram os foguetes
que atingiram Haifa.
Na aldeia de Aitaroun, no sul
do Líbano, um bombardeio israelense a uma casa matou oito
civis, entre eles cinco de cidadania canadense que passavam
férias. Israel bombardeou também estações de radar na costa
libanesa, lançadores de katyushas, depósitos de armas, estradas e pontes, a central de transmissão da TV Al Manar, que
continuou transmitindo com
baixa qualidade, além do quartel-general do Hizbollah e 20
outras instalações do grupo na
capital e em Baalbeck.
Já de madrugada (noite de
ontem no Brasil), autoridades
libanesas informaram sobre
uma série de novos bombardeios contra Trípoli e Baalbeck,
com um saldo de 15 mortos, entre eles sete militares.
Em Beirute, o Exército passou a usar bombas com capacidade de penetrar concreto, em
aparente tentativa de atingir líderes do Hizbollah escondidos
em abrigos subterrâneos.
A fuga de estrangeiros continua. Aviões militares da Itália
retiraram 350 pessoas do país
- entre eles espanhóis, italianos, austríacos e irlandeses.
Dois helicópteros dos EUA retiraram 21 cidadãos americanos do Líbano.
Gaza
Aviões israelenses voltaram
a bombardear ontem o prédio
do Ministério das Relações Exteriores palestino na Cidade de
Gaza. O edifício estava desocupado no momento do ataque.
Ao menos nove pessoas ficaram feridas em casas nas proximidades. As forças israelenses
dispararam ainda cinco mísseis
contra militantes palestinos
em confrontos no norte da faixa de Gaza, ferindo dois deles.
Com agência internacionais
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