São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006

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Israel intensifica ação após foguete matar 8 em Haifa

Quinto dia de ofensiva israelense no Líbano deixa 45 mortos, elevando total a 145

Premiê da Itália divulga as condições para cessar-fogo apresentadas por Israel, que voltou a acusar Síria e Irã de armar extremistas libaneses

MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV

Em meio a esforços diplomático mediados pela Itália para pôr fim aos combates, a escalada de violência no Oriente Médio se agravou ontem, no quinto dia, com o Exército de Israel intensificando sua ofensiva no Líbano depois que um míssil disparado pelo grupo terrorista Hizbollah matou oito pessoas na cidade de Haifa.
A retaliação de Israel deixou 45 mortos, segundo autoridades libanesas, elevando o número de baixas civis a 145, em cinco dias de ataques. No lado israelense, 12 civis e 12 soldados já foram mortos.
Israel sofreu ontem o pior ataque desde o início dos confrontos, na quarta-feira. Sete civis e um soldado foram mortos por um foguete lançado pelo Hizbollah contra Haifa, terceira maior cidade israelense, a 35 quilômetros do Líbano. No ataque de maior alcance até agora, foram atingidas as cidade de Afula e Nazaré, a 50 quilômetros da fronteira, mas não há registro de vítimas.
"Vamos continuar. Ainda temos muito mais e estamos só no começo", disse o líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah, em mensagem transmitida pelo canal de TV do grupo, Al Manar. "Enquanto o inimigo continuar sua agressão sem limites, continuaremos o confronto sem limites. O Hizbollah não está lutando uma batalha pelo Hizbollah, nem mesmo pelo Líbano. Estamos agora lutando pela nação islâmica."
Ontem, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chamou o Hizbollah de "movimento islâmico genuíno, cujo progresso deveria ser um exemplo para os muçulmanos".
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse que Israel está passando por um período "difícil" e previu que ele "não vai terminar rapidamente": "Vamos mostrar determinação, força e consideração pelo tempo que for exigido."

Mediação italiana
O governo do Líbano afirmou ontem que o premiê italiano, Romano Prodi, atuando como mediador, apresentou as condições israelenses para um cessar-fogo, que envolvem a devolução dos dois soldados seqüestrados pelo Hizbollah e o recuo do grupo além do rio Litani, a 20 quilômetros da fronteira.
O ministro da Defesa de Israel, o trabalhista Amir Peretz, disse que os "civis que colaboram com o Hizbollah devem saber que são agora suscetíveis à nossa retaliação". O norte de Israel foi colocado em estado de emergência e cerca de 1 milhão de pessoas passou a maior parte do tempo em abrigos.
Tel Aviv e arredores, a 130 quilômetros do Líbano, estão em estado de alerta.
No Líbano, segundo autoridades locais, pelo menos 45 civis morreram ontem em bombardeios israelenses. Mais de cem ficaram feridos. A área xiita no sul do Líbano, onde fica o comando do Hizbollah, foi praticamente destruída. Milhares de pessoas fugiram. O número de combatentes do Hizbollah mortos até agora no conflito é desconhecido. O grupo não anuncia baixas.
O chefe do Estado Maior do Exército de Israel, Dan Halutz, disse que alguns dos mísseis disparados contra Haifa foram provavelmente de modelo iraniano, produzidos pela Síria.
O governo sírio prometeu ontem uma resposta "firme, direta e ilimitada" a qualquer ataque de Israel. A imprensa árabe informou que Damasco começou a mobilizar unidades de reserva. Um porta-voz iraniano disse que o país está do lado da Síria e que Israel pode sofrer "perdas inimagináveis".
Depois do ataque a Haifa, aviões de Israel lançaram panfletos sobre o sul do Líbano, dando duas horas para os civis deixarem as casas, antes do início dos bombardeios.
Na cidade de Tiro, um bombardeio israelense matou pelo menos 16 civis e deixou dezenas de feridos. Israel afirma que de lá partiram os foguetes que atingiram Haifa.
Na aldeia de Aitaroun, no sul do Líbano, um bombardeio israelense a uma casa matou oito civis, entre eles cinco de cidadania canadense que passavam férias. Israel bombardeou também estações de radar na costa libanesa, lançadores de katyushas, depósitos de armas, estradas e pontes, a central de transmissão da TV Al Manar, que continuou transmitindo com baixa qualidade, além do quartel-general do Hizbollah e 20 outras instalações do grupo na capital e em Baalbeck.
Já de madrugada (noite de ontem no Brasil), autoridades libanesas informaram sobre uma série de novos bombardeios contra Trípoli e Baalbeck, com um saldo de 15 mortos, entre eles sete militares.
Em Beirute, o Exército passou a usar bombas com capacidade de penetrar concreto, em aparente tentativa de atingir líderes do Hizbollah escondidos em abrigos subterrâneos.
A fuga de estrangeiros continua. Aviões militares da Itália retiraram 350 pessoas do país - entre eles espanhóis, italianos, austríacos e irlandeses. Dois helicópteros dos EUA retiraram 21 cidadãos americanos do Líbano.

Gaza
Aviões israelenses voltaram a bombardear ontem o prédio do Ministério das Relações Exteriores palestino na Cidade de Gaza. O edifício estava desocupado no momento do ataque.
Ao menos nove pessoas ficaram feridas em casas nas proximidades. As forças israelenses dispararam ainda cinco mísseis contra militantes palestinos em confrontos no norte da faixa de Gaza, ferindo dois deles.


Com agência internacionais


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