São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006

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Brasileiros retirados do Líbano devem chegar amanhã ao Brasil

Grupo de cem pessoas iria de ônibus para a Turquia e lá embarcaria em avião da FAB

Kamel Jaber/Reuters
Família libanesa foge de Nabatiyeh após cidade ser atingida por bombardeios israelenses


MAYRA STACHUK
DA REVISTA DA FOLHA

Um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) deve partir da Turquia ainda hoje trazendo de volta ao Brasil cerca de cem brasileiros que estavam retidos no Líbano desde o início dos bombardeios israelenses, no último dia 12, anunciou o Itamaraty. Um comboio com quatro ônibus organizado pela Chancelaria brasileira partiria ainda nesta madrugada (6h da manhã em Beirute) de Beirute rumo à cidade turca de Adana. O brasileiro Lucas Rached Pereira, 20, que está em Brumana (a 10 minutos de Beirute) com a mãe, o pai, a tia e a avó de 73 anos, disse ontem à Folha, por telefone, que o comboio seguirá para a Turquia acompanhado por membros da diplomacia brasileira. A viagem tem duração estimada em 12 horas. Na fronteira com a Turquia, o grupo seria recebido por funcionários do consulado que ajudariam na emissão do visto de entrada no país. De lá, devem embarcar no Boeing 707 da FAB, conhecido como "Sucatão", e partir no final da tarde rumo ao Brasil.

Custos
O chanceler Celso Amorim, que está em São Petersburgo para a cúpula do G8, disse que não há nenhum tipo de cobrança de taxa dos brasileiros para poderem viajar e que alguns dos brasileiros que chegarem à Turquia devem voltar ao Brasil por meios próprios. Mas, no Brasil, a assessoria de imprensa do Itamaraty confirmou que a Embaixada do Brasil em Beirute não tinha dinheiro para custear a viagem de ônibus dos brasileiros e, "diante da pressa" para tirá-los do país, a saída foi ratear o custo entre os passageiros. Outro grupo, de 17 pessoas, teria pago R$ 350 a uma empresa privada para fazer a mesma rota de saída, pelo sul da Turquia. "Não quisemos arriscar a saída no sábado, com a empresa privada, pois não havia garantia de segurança", disse Simone Rached, 39. A família afirma que, na sexta-feira, quando fez o primeiro contato com a Embaixada do Brasil em Beirute, recebeu a informação de que nada poderia ser feito. "Pegaram nossos nomes e telefones e, no sábado, avisaram do transporte particular. Não aceitamos, e ontem nos avisaram desse comboio oficial. Agora nos sentimos mais seguros para deixar a cidade", disse Simone. Além dos Rached, outros 12 brasileiros, amigos da família, devem embarcar no comboio com destino à Turquia. A família, que está no Líbano de férias, contou que Brumana ainda não foi bombardeada e que ainda não faltam lá nem luz nem alimentos. "Às vezes a energia é interrompida, mas a casa em que estamos tem gerador. Já Beirute está no escuro, e todo o comércio está fechado, inclusive supermercados. Há lugares completamente desertos, escutamos os bombardeios daqui", disse Lucas.

Colaborou FERNANDO CANZIAN e a Sucursal de Brasília


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