São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997.



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EUROPA
Manifestantes se preparavam para comemorar o décimo aniversário da morte do líder nazista Rudolf Hess
Polícia prende 140 neonazistas alemães

das agências internacionais

A polícia alemã prendeu ontem cerca de 140 neonazistas numa tentativa de evitar manifestações hoje, 10º aniversário da morte de Rudolf Hess -o número dois do regime nazista até 1941.
Houve incidentes em diversos Estados e na vizinha Dinamarca.
Em Hesse (Estado na região central da Alemanha), 78 pessoas foram presas. Com elas foram encontradas facas e material de propaganda de ultra-direita.
Na Turíngia, no leste alemão, 60 manifestantes foram presos sob acusação de estarem se preparando para uma marcha em memória de Hess.
Na cidade de Halle, leste do país, 40 ativistas de esquerda enfrentaram 50 neonazistas. Pelo menos cinco pessoas foram presas. Em Braunschweig, cidade ao norte, a polícia dispersou 40 ultra-direitistas com cartazes de Hess.
Desde a noite de sexta-feira há uma verdadeira "operação de guerra" em curso no país. Todas as manifestações relativas ao aniversário foram banidas. No aniversário do ano passado, 160 jovens foram detidos.
As polícias sueca e norueguesa, acostumadas com distúrbios neonazistas, estão de prontidão. Na Dinamarca, 24 neonazistas e anarquistas foram presos em Roskilde.
O vilarejo iria sediar um ato de homenagem ao nazista hoje. Os ativistas mudaram o local para Koege, onde fizeram um ato que reuniu 150 pessoas.
Na capital, Copenhague, quatro manifestantes antinazistas foram presos com coquetéis Molotov numa operação visando prevenir distúrbios como os do ano passado -quando, no aniversário de morte de Hess, manifestantes neonazistas na Dinamarca, Suécia e Noruega enfrentaram a polícia.
História
Hess é objeto de culto aos jovens neonazistas do Norte europeu. Número dois do ditador alemão de origem austríaca Adolf Hitler (1889-1945), Hess é uma das figuras mais misteriosas do nazismo.
Identificado com o movimento desde seu princípio, na década de 20, Hess foi preso com Hitler após a tentativa frustrada de golpe nazista em 1923. Foi apontado adjunto de Hitler em 1932, um ano antes dos nazistas assumirem o poder.
Quase dois anos após o começo da Segunda Guerra Mundial, em 11 de maio de 1941, Hess assombrou o mundo ao fazer um vôo solitário e pular de pára-quedas na Escócia.
Alegou que queria negociar a paz com os britânicos, "arianos como os alemães e ameaçados pelo bolchevismo", mas foi desqualificado por Hitler como "louco".
Depois da guerra, foi sentenciado à prisão perpétua pelo tribunal de Nurembergue (1946). Foi para o presídio de Spandau, em Berlim, onde ficou até 1987 sob uma guarda anglo-franco-russo-americana.
Naquele ano, foi encontrado enforcado com um fio elétrico em sua cela. Na época, sua família acusou a direção de Spandau de assassinato, mas nada foi provado.
Hess é reverenciado pelos neonazistas como "mártir da paz", a despeito de sua relação com Hitler.




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