São Paulo, segunda-feira, 17 de agosto de 2009

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EUA negam participação em voo que exilou Zelaya

Deposto afirmou que avião que o sequestrou pousou em base de uso de Washington

Exército americano diz que não teve "conhecimento ou parte nas decisões sobre pouso, abastecimento e decolagem" da aeronave

DA REDAÇÃO

Os EUA negaram que suas tropas em Honduras tenham tido participação no voo que levou o presidente deposto hondurenho, Manuel Zelaya, à Costa Rica, durante o golpe de Estado de junho.
Como noticiado pela Folha no sábado, Zelaya contou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília que o avião militar que o sequestrou em 28 de junho pousou em uma base aérea usada pelos EUA em Honduras antes de levá-lo à Costa Rica. O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, considerou a revelação "inquietante".
A vice-chanceler do governo Zelaya, Patricia Valle, disse anteontem à agência Associated Press que a parada, durante a qual Zelaya permaneceu no avião, ocorreu na base hondurenha de Soto Cano, também chamada de Palmerola, que abriga 600 militares americanos em operações contra o tráfico de drogas e outras missões na América Central.
Ela disse também que "os EUA estiveram envolvidos no golpe contra Zelaya", mas não deu provas de que militares americanos tenham interagido, durante a parada, com os militares hondurenhos que levavam o presidente deposto.
Zelaya, que cobra medidas mais fortes dos EUA contra o governo interino em Honduras, isenta o presidente Barack Obama de responsabilidade no golpe, mas acusa setores do governo americano e insinua envolvimento de "alguns elementos da CIA".
Ontem, o porta-voz do Comando do Sul do Exército dos EUA, Robert Appin, disse que militares americanos "não estiveram envolvidos no voo que levou Zelaya" e que suas tropas "não tinham conhecimento ou participação nas decisões sobre pouso, abastecimento e decolagem do avião".
Também ontem, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Fred Lash, disse que Palmerola está "sob o controle de militares hondurenhos. Os Estados Unidos não foram informados antecipadamente do uso da base aérea como parada de reabastecimento do avião que transportava o presidente Zelaya ao exílio".
Palmerola foi usada pelos EUA durante as guerras civis centro-americanas dos anos 1980. Atualmente, as tropas americanas ali dividem o trabalho de controle do espaço aéreo com autoridades hondurenhas, segundo o site da unidade militar americana responsável pelo serviço. Mas Appin alegou que, desde o golpe, os americanos em Palmerola pararam de conduzir exercícios conjuntos com os hondurenhos.
O uso de bases latino-americanas pelos EUA voltou a ser tema de debate no continente por causa do acordo entre Washington e Bogotá com respeito à utilização de até sete bases na Colômbia. A questão será discutida pelos presidentes sul-americanos em reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) no dia 28, em Bariloche, Argentina.

Proteção
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da OEA (Organização dos Estados Americanos), pediu ontem medidas cautelares para que o governo interino de Honduras proteja a vida de cem hondurenhos ameaçados após o golpe de 28 de junho.
Entre as cem pessoas há familiares e funcionários de Manuel Zelaya, além de ativistas de direitos humanos e opositores ao golpe.
Uma delegação da CIDH chega hoje a Honduras para avaliar a situação dos direitos humanos no país após o golpe.


Com agências internacionais


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