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EUA negam participação em voo que exilou Zelaya
Deposto afirmou que avião que o sequestrou pousou em base de uso de Washington
Exército americano diz que não teve "conhecimento ou parte nas decisões sobre pouso, abastecimento e decolagem" da aeronave
DA REDAÇÃO
Os EUA negaram que suas
tropas em Honduras tenham
tido participação no voo que levou o presidente deposto hondurenho, Manuel Zelaya, à
Costa Rica, durante o golpe de
Estado de junho.
Como noticiado pela Folha
no sábado, Zelaya contou ao
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em Brasília que o avião
militar que o sequestrou em 28
de junho pousou em uma base
aérea usada pelos EUA em
Honduras antes de levá-lo à
Costa Rica. O assessor internacional da Presidência, Marco
Aurélio Garcia, considerou a
revelação "inquietante".
A vice-chanceler do governo
Zelaya, Patricia Valle, disse anteontem à agência Associated
Press que a parada, durante a
qual Zelaya permaneceu no
avião, ocorreu na base hondurenha de Soto Cano, também
chamada de Palmerola, que
abriga 600 militares americanos em operações contra o tráfico de drogas e outras missões
na América Central.
Ela disse também que "os
EUA estiveram envolvidos no
golpe contra Zelaya", mas não
deu provas de que militares
americanos tenham interagido, durante a parada, com os
militares hondurenhos que levavam o presidente deposto.
Zelaya, que cobra medidas
mais fortes dos EUA contra o
governo interino em Honduras, isenta o presidente Barack
Obama de responsabilidade no
golpe, mas acusa setores do governo americano e insinua envolvimento de "alguns elementos da CIA".
Ontem, o porta-voz do Comando do Sul do Exército dos
EUA, Robert Appin, disse que
militares americanos "não estiveram envolvidos no voo que
levou Zelaya" e que suas tropas
"não tinham conhecimento ou
participação nas decisões sobre
pouso, abastecimento e decolagem do avião".
Também ontem, o porta-voz
do Departamento de Estado
americano, Fred Lash, disse
que Palmerola está "sob o controle de militares hondurenhos. Os Estados Unidos não
foram informados antecipadamente do uso da base aérea como parada de reabastecimento
do avião que transportava o
presidente Zelaya ao exílio".
Palmerola foi usada pelos
EUA durante as guerras civis
centro-americanas dos anos
1980. Atualmente, as tropas
americanas ali dividem o trabalho de controle do espaço aéreo com autoridades hondurenhas, segundo o site da unidade
militar americana responsável
pelo serviço. Mas Appin alegou
que, desde o golpe, os americanos em Palmerola pararam de
conduzir exercícios conjuntos
com os hondurenhos.
O uso de bases latino-americanas pelos EUA voltou a ser
tema de debate no continente
por causa do acordo entre Washington e Bogotá com respeito
à utilização de até sete bases na
Colômbia. A questão será discutida pelos presidentes sul-americanos em reunião da
Unasul (União das Nações Sul-Americanas) no dia 28, em Bariloche, Argentina.
Proteção
A Comissão Interamericana
de Direitos Humanos (CIDH),
órgão da OEA (Organização dos
Estados Americanos), pediu
ontem medidas cautelares para
que o governo interino de Honduras proteja a vida de cem
hondurenhos ameaçados após
o golpe de 28 de junho.
Entre as cem pessoas há familiares e funcionários de Manuel Zelaya, além de ativistas
de direitos humanos e opositores ao golpe.
Uma delegação da CIDH chega hoje a Honduras para avaliar
a situação dos direitos humanos no país após o golpe.
Com agências internacionais
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