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Justiça do Irã aceita 25 novos réus por protestos pós-pleito
Decisão, que desafia condenação interna e externa, ocorre um dia após Teerã nomear clérigo linha-dura chefe do Judiciário
Paris obtém libertação de ré francesa, que agora aguarda veredicto; presidente do Irã anuncia primeiras mulheres em ministérios desde 1979
DA REDAÇÃO
A Justiça do Irã incorporou
ontem 25 novos réus ao julgamento conjunto de opositores
acusados de incitar a onda de
protestos que se seguiu à reeleição, em junho, do presidente
Mahmoud Ahmadinejad. O julgamento, iniciado no dia 1º de
agosto, está em sua terceira
sessão e tem agora 135 réus.
A decisão de agregar os novos
réus ao julgamento desafia as
fortes condenações internas e
externas de que o regime islâmico foi alvo ao dar início ao
processo, inclusive de conservadores -base do presidente-
descontentes com a repressão
às maiores manifestações oposicionistas em três décadas.
Teerã libertou, porém, a
francesa Clotilde Reiss, acusada pela Promotoria de espionagem, informou a Presidência da
França. Reiss e uma outra funcionária francesa libertada na
semana passada ficarão agora
na Embaixada da França no Irã
à espera do veredicto.
Durante a repressão aos protestos, pelo menos 20 pessoas
morreram, e centenas foram
presas. Destas, 300 seguem detidas, segundo cifras oficiais.
Entre os réus no julgamento
estão o ex-vice-presidente Mohammad Abtahi -que serviu
no governo de Mohammad
Khatami (1997-2005)- e opositores reformistas, ligados ao
candidato derrotado Mir Hossein Mousavi, além de um acadêmico irano-americano, funcionários das embaixadas francesa e britânica e um jornalista
irano-canadense.
Eles são acusados de tentar
promover uma "revolução de
veludo" em cooperação com
potências ocidentais para derrubar o regime islâmico em vigor desde a revolução de 79.
Ahmadinejad disse ontem
que "aqueles que falam em mudança cometem um grande erro ao interferir abertamente
nos assuntos domésticos iranianos", segundo a agência semioficial Mehr. Foi uma aparente referência ao presidente
americano, Barack Obama.
É a primeira vez que altos
funcionários e ex-membros do
governo e do Legislativo são
julgados coletivamente acusados de atuar contra o regime.
Na última sexta, também pela primeira vez desde 79, um
grupo de ex-deputados reformistas submeteu à Assembleia
dos Especialistas um pedido de
destituição do líder supremo,
Ali Khamenei. O órgão é o único com poder para destituir
Khamenei.
Embora com pouca chance
de prosperar, o pedido revela o
descontentamento dos reformistas, liderados por Mousavi,
com a condução da crise pelo líder supremo.
Khamenei, que apoia Ahmadinejad, rejeitou as alegações
de opositores de fraude nas
eleições de junho.
A incorporação dos novos
réus ocorre um dia após o líder
supremo designar o clérigo linha-dura Sadeq Larijani como
novo chefe do Judiciário do Irã.
Larijani, irmão do chefe do
Parlamento iraniano e próximo
a Khamenei, assume com o desafio de responder às acusações
de que alguns oposicionistas
presos durante a repressão
pós-pleito foram torturados até
a morte, e outros, violentados.
Mulheres
Ahmadinejad, que apesar dos
protestos iniciou seu segundo
mandato no dia 5, anunciou a
nomeação de três ministras no
seu gabinete, as primeiras a
chefiar uma pasta do governo
na história do regime. Atualmente, há apenas uma mulher
em uma das vice-presidências.
O anúncio foi recebido como
uma tentativa do presidente de
aplacar insatisfações entre o
público feminino no momento
em que vê crescerem críticas de
conservadores.
Com agências internacionais
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