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São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Texto exigia que Israel desistisse de ação contra Arafat; Síria, que apresentou proposta, qualifica veto de "lamentável"

EUA vetam resolução contra Israel na ONU

DA REDAÇÃO

Os EUA vetaram ontem, no Conselho de Segurança da ONU, uma resolução proposta pela Síria que instava Israel a não deportar ou tomar qualquer atitude contra Iasser Arafat, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina).
A resolução -elaborada pelo enviado palestino à ONU, Nasser al Kidwa, e encampada pela Síria, único país árabe no CS- teve 11 votos a favor e 3 abstenções: do Reino Unido, da Alemanha e da Bulgária. Os EUA, como um dos cinco membros permanentes do CS, têm direito a veto.
"O fato de a delegação americana ter usado seu veto é algo extremamente lamentável. Apenas complica uma situação no Oriente Médio que já é muito complicada", disse o embaixador sírio na ONU, Fayssal Mekdad.
O embaixador americano, John Negroponte, qualificou a resolução de "desbalanceada" e disse que ela não continha uma linguagem que promoveria o processo de paz. Deixou claro que os EUA são contra a expulsão de Arafat.
Na segunda-feira, Negroponte disse que os EUA não apoiariam a resolução a não ser que ela contivesse uma "condenação robusta do terrorismo", com menções específicas aos grupos terroristas palestinos, em especial o Hamas.
Para o embaixador sírio, a proposta era "muito balanceada".
A resolução exigia que Israel desistisse de "qualquer ato de deportação" e parasse de "ameaçar a segurança" do presidente da ANP. Condenava os assassinatos de líderes extremistas palestinos e os ataques suicidas contra Israel.
Na última sexta-feira, os 15 membros do CS assinaram um comunicado expressando "a visão de que a remoção do presidente Arafat seria contraproducente e não deveria ser implementada". Mas, segundo os EUA, um comunicado é diferente de uma resolução, que tem poder de lei.
Em geral, os EUA vetam ou ameaçam vetar resoluções do CS contrárias a Israel, mas já houve oportunidades em que o país se absteve de votar. A insistência síria em votar a resolução ontem pode ter tido a intenção de forçar os EUA a ficar do lado de Israel -e contra o mundo árabe- num momento em que o país enfrenta dificuldades no Iraque.
O enviado palestino e autor da proposta, Nasser al Kidwa, disse que os EUA haviam perdido sua credibilidade como mediador do processo de paz. "Espero que Israel não interprete o assassinato dessa resolução como uma licença para matar Arafat", disse o porta-voz palestino, Saeb Erakat.
"A resolução não focaliza a responsabilidade da liderança palestina de desmantelar a infra-estrutura terrorista", disse o embaixador israelense, Dan Gillerman.
Já o embaixador búlgaro, Stefan Tafrov, criticou o fato de os membros do CS não terem esperado para chegar a um consenso. "Estamos numa situação pior do que estávamos antes. Temos uma resolução fracassada", disse.
A Síria vive uma fase de atritos com os EUA, pois, como membro provisório do CS, foi contra a Guerra do Iraque. Durante o conflito, foi alertada a não ajudar o regime de Saddam Hussein.
Na semana passada, Israel anunciou sua decisão de "remover" Arafat, sem, no entanto, especificar quando e como.

Israel descarta trégua
Ontem, autoridades israelenses rejeitaram uma proposta palestina de cessar-fogo, alegando que o Exército não interromperá suas ações enquanto as forças de segurança palestinas não desmantelarem os grupos terroristas.
"É preciso haver um cessar-fogo mútuo baseado no fim da violência de ambos os lados", propôs Jibril Rajoub, assessor de segurança nacional de Arafat, à rádio Israel.
"A única maneira que os palestinos têm para provar que querem uma solução pacífica é assumindo a luta contra o Hamas e o Jihad [Islâmico]. Se não fizerem isso, nós teremos que fazer por eles", disse o ministro da Justiça de Israel, Yosef Lapid.


Com agências internacionais

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