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ELEIÇÃO NOS EUA
Pesquisas indicam que a distância de até 12 pontos desapareceu menos de um mês após a convenção republicana
Bush perde vantagem obtida sobre Kerry
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
Duas pesquisas divulgadas ontem mostraram o presidente
George W. Bush e seu adversário,
o democrata John Kerry, empatados na disputa pela Presidência,
num sinal de que a vantagem obtida por Bush após a convenção
do Partido Republicano, encerrada no último dia 2, evaporou quase instantaneamente.
Segundo a pesquisa do Pew Research Center, para a qual foram
entrevistadas 1.275 pessoas entre
os dias 11 e 14 de setembro e que
tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais em ambas as direções, os dois candidatos receberam 46% das intenções de voto.
No levantamento anterior, entre 8
e 10 de setembro, o presidente
abriu 12 pontos sobre seu adversário e aparecia com 52%.
Uma segunda pesquisa, feita pela Harris Interactive entre os dias
9 e 13 e publicada pelo "Wall
Street Journal", deu a Kerry 48%
das intenções contra 47% de
Bush. A margem de erro nesse caso é de três pontos.
Analistas do Pew atribuíram a
rapidez da reversão aos constantes ataques de Bush e sua equipe
contra Kerry, que entre outras
coisas incluíram insinuações de
que o democrata tornaria os EUA
vulneráveis ao terrorismo. Entretanto não é possível dizer ainda
que a tendência esteja consolidada -a divulgação de uma nova
leva de pesquisas está prevista para o fim de semana.
No mesmo dia em que Bush
perdeu a vantagem em pesquisas,
a rede de TV CBS, uma das três
maiores emissoras dos EUA, admitiu que a autenticidade de documentos sobre o histórico militar do presidente apresentado na
última semana em um de seus
programas é questionável.
A exibição dos registros pelo
"60 Minutes", um dos programas
jornalísticos mais respeitados da
TV americana, reaqueceu o debate sobre o comportamento dos
candidatos em seu período de serviço militar, nos dois casos durante a Guerra do Vietnã. Mas, num
paradoxo, a polêmica que se seguiu tirou o foco da discussão sobre se Bush descumpriu seus deveres militares e passou-o para a
credibilidade da CBS.
Os registros, que remontam ao
início dos anos 70, conforme
anunciou a CBS, tratam das impressões de um comandante militar de que Bush estaria negligenciando suas obrigações militares
graças a privilégios decorrentes
de sua rede de contatos.
Apesar de ter aceitado como legítimos os questionamentos, levantados pelo Partido Republicano e por outros meios de imprensa, e prometido investigá-los, a rede manteve sua posição de que os
papéis refletem a realidade.
O presidente da CBSNews, Andrew Heyward, declarou que a
"história seria apurada até o fim,
mesmo que o resultado da apuração contradissesse" a versão inicial da rede. O suposto autor dos
memorandos é o coronel Jerry Killian. Um dos questionamentos
levantados é tipográfico: o tipo da
letra não seria o de uma máquina
dos anos 70. Na tentativa de averiguar sua legitimidade, os papéis
estão submetidos a exames.
A mesma CBS que levantou o
caso exibiu anteontem uma entrevista com a secretária do coronel Killian, Marian Knox, que
afirmou que os papéis não são legítimos, embora seu conteúdo seja -ela crê se tratar de uma tentativa de alguém que teve acesso aos
documentos de reproduzi-los.
"Só sei que eu não os datilografei", disse Knox.
Na época dos fatos contestados,
a secretária datilografava para seu
chefe uma espécie de diário de
trabalho com o objetivo de resguardá-lo de eventuais problemas
futuros com Bush.
Aventando uma hipótese mais
drástica do que erro jornalístico, a
colunista do "New York Times"
Maureen Dowd levantou a hipótese de que a divulgação e a conseqüente contestação dos documentos possa se tratar de uma
operação do próprio Partido Republicano para destruir a credibilidade da imprensa a respeito do
histórico de Bush.
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