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Imigrantes impõem dilema a Sarkozy
Africanos expulsos de prédio abandonado em Paris ganham apoio popular e complicam estratégia eleitoral
DELPHINE STRAUSS
DO "FINANCIAL TIMES", EM PARIS
Um ginásio em Cachan, perto do aeroporto de Orly, em Paris, abriga desde o mês passado
centenas de imigrantes à espera de alojamento permanente.
Antes, eles ocupavam um edifício universitário abandonado
irregularmente desde 2003.
O prédio foi esvaziado pela
polícia -uma decisão do Ministério do Interior vista como
tentativa de seu titular, Nicolas
Sarkozy, de demonstrar que estava reprimindo os imigrantes
ilegais, aos quais foi atribuída a
culpa pelos tumultos nos subúrbios pobres de Paris em novembro do ano passado.
Sarkozy adotou medidas firmes quanto à imigração e à preservação da ordem pública como peças centrais de sua pré-campanha à Presidência.
Mas os problemas dos imigrantes atraíram a simpatia do
público. O prefeito socialista de
Cachan, Jean-Yves Le Bouillonnec, ofereceu a eles o uso
temporário do ginásio. Diversas ONGs apoiaram sua causa.
Celebridades foram ao local
prestar apoio. Jogadores convidaram 70 pessoas do grupo para assistir à partida de futebol
entre França e Itália, no último
dia 6.
O prefeito identificou construções que poderiam abrigar o
grupo, mas não tem autoridade
para lhes conceder moradia.
Ele pode sofrer pressão renovada para expulsar os imigrantes
do ginásio, que fica ao lado de
uma escola primária.
O prefeito do departamento
de Val de Marne, membro da
UMP, partido de Sarkozy, ofereceu aos imigrantes acomodação em hotéis enquanto eles esperam por moradia, mas eles
recusaram. Alguns dos ocupantes originais do edifício universitário esvaziado aceitaram
proposta semelhante, antes
que os demais imigrantes se
transferissem para o ginásio.
Os ocupantes temem que, caso o grupo se divida, os que estão na França ilegalmente sejam detidos e deportados.
Se Sarkozy permitir que os
imigrantes ilegais continuem
no país, pode pôr fim a qualquer esperança de conquistar
os votos que conduziram o nacionalista Jean-Marie Le Pen
ao segundo turno da eleição
presidencial de 2002. Mas detenções em massa prejudicariam sua imagem ao associá-lo
a posturas de extrema direita.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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