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entrevista
"Oposição passou de todo limite"
DO ENVIADO A COBIJA
Na capital de Pando desde sexta-feira, o ministro
Juan Ramón Quintana
(Presidência) diz que o governo Evo Morales e a
oposição chegaram ao
ponto mais crítico desde o
início da crise política, em
novembro do ano passado,
quando os governistas
aprovaram o projeto de
nova Constituição, rejeitado pelos opositores.
"Eles passaram do limite de toda a estratégia de
uma força opositora. Esse
limite é o genocídio. Não
se pode usar o genocídio
como um ato de confronto
contra o governo nacional", disse Quintana em
entrevista à Folha no militarizado aeroporto de
Cobija, onde come, dorme
e administra o estado de
sítio instaurado há cinco
dias no departamento.
Um dos principais assessores políticos de Morales, Quintana diz que a
oposição "ultrapassou de
maneira demencial as
suas opções". "Eles se excederam. Explodiram válvulas de gás, assaltaram
instituições, querem usurpar as funções do Estado,
estão matando gente."
"Isso nos conduz claramente a uma negociação
sem condições. É inegociável a investigação desse
genocídio. São inegociáveis a investigação, a prisão e o indiciamento de
quem fez explodir a válvula, porque isso prejudica a
economia interna e também atenta contra a segurança energética regional.
É inegociável o assalto às
instituições públicas, de
outra forma estaríamos
convivendo com um Estado anômalo."
O governo chama de
"genocídio" as mortes de
camponeses após confronto com manifestantes
oposicionistas na quinta-feira, na cidade pandina de
Porvenir. Ao menos 15
pessoas foram mortas e
106 estão desaparecidas,
segundo o governo.
Na semana passada, os
departamentos das chamadas "terras baixas" foram palco de protestos, invasões e depredações dos
oposicionistas, que rejeitam a nova Carta e exigem
maior autonomia em relação a La Paz.
"O presidente já disse:
estamos dispostos a discutir a janela para a harmonização entre autonomia
[departamental] e a nova
Carta", diz Quintana.
Encarregado de coordenar a administração do estado de sítio, com duração
prevista de três meses,
Quintana afirmou que
uma comissão binacional
investigará as denúncias
de Morales segundo as
quais pistoleiros brasileiros participaram dos confrontos em Pando.
O departamento de
Pando e o Estado do Acre
são um dos principais corredores tanto da cocaína
boliviana quanto da peruana. Cobija está separada das cidades de Brasiléia
e Epitaciolândia pelo pouco caudaloso rio Acre.
(FM)
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