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PAQUISTÃO
General Musharraf deve anunciar plano que incluiria volta do poder civil
País deve ter governo provisório
das agências internacionais
O novo homem forte do Paquistão, general Pervez Musharraf,
promete fazer hoje pronunciamento explicando seus planos para o país. Na terça-feira, ele liderou golpe que depôs o premiê Nawaz Sharif.
Oficiais próximos a Musharraf
estariam consultando empresários, banqueiros e intelectuais, na
aparente tentativa de embasar o
projeto de um governo provisório
que devolveria o poder aos civis.
A ruptura institucional levou à
interrupção de créditos externos.
Os EUA lideram as pressões internacionais pela estabilização da situação paquistanesa. O país possui arsenal nuclear e um litígio
histórico com a Índia em torno do
território da Caxemira.
Enquanto isso, os paquistaneses se recuperam da surpresa do golpe.
"Nunca, nem em mil anos, alguém teria imaginado que Pervez
Musharraf pudesse liderar um
golpe de Estado", escreveu um
historiador do Exército paquistanês, em Islamabad.
Musharraf é um ex-oficial da artilharia e de comandos, condecorado por bravura em duas guerras
contra a Índia. Seu vice e amigo, o
general Mohammed Aziz, atribui
a ele o planejamento detalhado da
guerra de fronteiras travada com
a Índia neste ano.
Mas, tanto por sua experiência
quanto por seu temperamento,
Musharraf destoa totalmente do
mundo complexo da política de
Islamabad. Por ser "mohajir", ou
migrante da Índia, não possui afinidade natural com a elite punjabi
de Islamabad.
Nas primeiras horas do golpe de
terça-feira, no entanto, Musharraf
demonstrou alguns fatos que foram cruciais para o êxito da ação.
Em primeiro lugar, o apoio inequívoco que as Forças Armadas
lhe dedicam. Na terça-feira, quando o homem que deveria tomar
seu lugar no comando do Exército, o general Khwajal Ziauddin,
tentou buscar apoio entre os comandantes das divisões das Forças Armadas, não conseguiu.
Em segundo lugar, o general
Musharraf demonstrou que Sharif tinha se tornado tão impopular, que o Exército pôde assumir o
controle do país sem suscitar
qualquer protesto sério.
Mas, para o general Musharraf,
a fase fácil já chegou ao fim. Os
governos militares já saíram de
moda. Quando Zia Ul Haq assumiu o controle do país, em 1977,
tinha o apoio dos EUA e contava
com uma economia forte, ao contrário do que ocorre hoje.
Acredita-se que a demora de 48
horas entre o golpe e a declaração
do estado de emergência, na
quinta-feira, ocorreu porque ele
estava tentando convencer Sharif
a renunciar e revogar sua demissão, tornando possível a retomada de alguma forma de governo
parlamentar.
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