São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2005

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TERROR EM LONDRES

Segundo o "Sunday Times", Ian Blair está sendo pressionado pela morte do eletricista brasileiro

Caso Jean pode derrubar chefe de polícia

DA REDAÇÃO

O comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair, admitiu que poderá em breve ser forçado a renunciar em conseqüência do assassinato do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes. A notícia foi publicada ontem no jornal britânico "Sunday Times".
Segundo a publicação, Blair declarou em reunião com um grupo de autoridades e executivos que teria de deixar a instituição "muito em breve" devido ao episódio da morte do brasileiro. Confundido com um terrorista, Jean Charles foi morto por policiais no metrô de Londres, no dia 22 de julho deste ano, com sete disparos na cabeça e um no ombro.
Descrevendo a pressão que vem sofrendo, Blair disse ao grupo com o qual esteve reunido: "Prefiro renunciar a ser pressionado." Os comentários do comissário-chefe apontam que a pressão sobre ele pode ter atingido um ponto crítico. Na ocasião do assassinato, Blair chegou a cogitar a renúncia, mas desistiu da idéia.
Oficias da polícia britânica afirmaram que quando o inquérito sobre a operação for concluído (a previsão é que seja finalizado antes do Natal), revelará uma "história de horror". Um deles disse: "Blair tem sido prejudicado. A autoconfiança dele foi abalada. Ele está visivelmente envelhecido."
Blair comentou na reunião que o papel pessoal dele no caso está sendo analisado agora pela comissão independente que investiga a morte do brasileiro. Inicialmente, ele tentou interromper a abertura de um inquérito imediato ao assassinato de Jean Charles.
Em agosto, a família do brasileiro e os advogados que a representam exigiram a renúncia de Blair, a quem acusam de mentir sobre as circunstâncias do assassinato.
Na ocasião, o ministro britânico do Interior, Charles Clarke, apoiou publicamente o comissário-chefe, afirmando estar "contente com o comportamento não só de Ian Blair, mas de toda a Polícia Metropolitana."
Numa carta escrita algumas horas após os disparos, Blair disse que seria capaz de suspender o requerimento legal de um inquérito. Em um texto sobre "liderança", apresentado na quarta-feira passada, ele disse que seus oficiais falharam por não impedir que certas informações circulassem na mídia. Trata-se de uma referência às versões incorretas de que que o brasileiro usava um casaco volumoso e que saltou a catraca e correu para o metrô.
Ontem, um porta-voz da Scotland Yard informou que Blair deixou claro que "seria arrogante não considerar a renúncia em tais circunstâncias, mas ressaltou que não tem planos de renunciar." Entre os presentes na reunião da semana passada estava Brian Burridge, comandante das forças britânicas na Guerra do Golfo.
Blair afirmou não ter descoberto até o dia seguinte que seus oficiais haviam matado um inocente. Cinco horas após os disparos, ele declarou que o ocorrido estava "diretamente ligado" à caça dos terroristas responsáveis pelas tentativas de atentado de 21 de julho.


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