São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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SAÚDE

Ao todo três foram contaminados no país asiático; no Brasil, Saúde anuncia a compra de antiviral contra a doença

Gripe aviária mata uma pessoa na China

DA REDAÇÃO

O governo da China confirmou ontem a contaminação de três pessoas pela gripe aviária, uma das quais morreu. É a primeira confirmação da doença no país.
O Ministério da Saúde chinês informou que uma trabalhadora de uma granja na Província de Anhui, no leste do país, morreu por ter sido contaminado pelo H5N1, a variedade letal do vírus da gripe aviária. A mulher tinha 24 anos de idade.
Também foi confirmada a contaminação pelo vírus de um menino de 9 anos, morador da Província de Hunan, região central da China. O garoto, no entanto, conseguiu se recuperar, segundo a agência de notícias oficial do país, a Xinhua. A irmã de 12 anos do menino, que morreu no mês passado, teve detectados em seu corpo anticorpos do H5N1 e muito provavelmente morreu também em conseqüência da gripe aviária, de acordo com a Xinhua e a OMS (Organização Mundial da Saúde).
"Não é uma surpresa. Isso mostra que a China, como outros países que têm aves contaminadas pela gripe aviária, podem ter casos humanos", disse Roy Wadia, porta-voz da OMS. "Essa notícia vai levar às casas dos cidadãos de todo o país o fato de que isso pode acontecer em seus próprios quintais", completou Wadia.
As autoridades chinesas informaram inicialmente que os dois irmãos de Hunan estavam com pneumonia, e não com gripe aviária. Mas posteriormente elas convidaram especialistas internacionais para analisar os casos, e foi confirmada a presença do H5N1 no menino e a suspeita da gripe em sua irmã.
O vírus letal da gripe aviária, o H5N1, que já matou mais de 60 pessoas na Ásia desde 2003, ainda afeta quase que exclusivamente as aves. No entanto especialistas temem que, em países como a China e o Vietnã, em que há uma epidemia da gripe entre os pássaros, surja, por meio de mutação, uma variedade do vírus que seja transmissível entre seres humanos.
Na China, país que já registrou 11 focos de epidemia entre aves só no mês passado, o governo anunciou anteontem que pretende vacinar todas as suas aves destinadas a consumo humano, o que significa cerca de 14 bilhões de animais e corresponde a aproximadamente 20% do estoque mundial de aves para consumo.
As outras mortes por gripe aviária foram registradas no Vietnã, na Tailândia, na Indonésia e no Camboja.

Brasil
O Brasil será o primeiro país das Américas a ter estoque do antiviral Tamiflu, usado no combate à gripe aviária. O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Saúde, Saraiva Felipe, no Rio. O ministério elaborou um plano de preparação para enfrentar uma pandemia da gripe.
As três principais ações são a aquisição de 9 milhões de doses de Tamiflu, que devem chegar até o final do ano; o fortalecimento da vigilância epidemiológica e a preparação do Instituto Butantan para a produção da vacina contra o H5N1. Para isso, o ministério já liberou R$ 258 milhões.
Segundo Felipe, o ministério trabalha com uma possibilidade de contaminação de 10% da população brasileira. "Se uma epidemia atacar 10% da população, precisaremos de 1,2 milhão de consultas, 500 mil internações e há uma expectativa de 25 mil óbitos", disse o ministro.
O ministro informou que está sendo negociada com a Roche, laboratório que fabrica o Tamiflu, a transferência de tecnologia para que o Brasil, no laboratório da Fiocruz, possa realizar pelo menos parte do processo de fabricação do remédio. "É um processo complicado e nenhum país do mundo tem a tecnologia necessária", afirmou Saraiva Felipe.
De acordo com o ministro, a rede hospitalar brasileira, apesar de "precisar ser melhorada", está preparada para tratar uma possível pandemia de gripe.
Ainda segundo o ministro Saraiva Felipe, depois de identificado o tipo do vírus, em seis meses será possível começar a produção de vacinas.
No Rio, acontece até amanhã o Seminário Internacional sobre Gripe, onde autoridades e especialistas de vários países vão trocar experiências sobre o combate à doença.


Com agências internacionais

Colaborou a sucursal do Rio


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