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Sobe expectativa quanto ao Estado na AL
Estudo do Latinobarómetro mostra que crença no Estado para resolver todos os problemas sociais saltou nove pontos em dois anos
Levantamento radiografa região após eleições de 2006; preocupação com crimes cresce e encosta
em medo de desemprego
LUCIANA COELHO
EDITORA-ADJUNTA DE MUNDO
Enquanto o apoio à democracia na América Latina encolheu ligeiramente desde o ano
passado, cresceu na região a
confiança no Estado para a resolução de todos os problemas
da sociedade, mostrou o Estudo Latinobarómetro 2007. E,
pela primeira vez desde o início
do levantamento, em 1995, o
crime aparece, junto ao desemprego, como a maior preocupação da região.
O estudo, divulgado ontem
pela ONG chilena, abrange 18
países, onde foram feitas 20,2
mil entrevistas entre 7 de setembro e 9 de outubro últimos.
Em todos os casos, a amostra
representa 100% da população,
e, grosso modo, a margem de
erro das respostas -coletadas
por institutos locais como Ibope, Mori e Gallup- é de 3% para cima ou para baixo.
O resultado é um amplo e
consolidado retrato da percepção de democracia, Estado,
economia e instituições na região após o ciclo eleitoral de
2006, quando 11 dos 18 países
avaliados passaram por eleições presidenciais.
O estudo ainda mostra como
andam as perspectivas para o
futuro na região após a "guinada à esquerda" que se sedimentou com a ascensão ou reeleição de líderes esquerdistas na
maioria dos países -embora,
curiosamente, os dados apontem para uma corrida ao centro
do espectro ideológico na região, ao invés de uma esquerdização do eleitorado.
A média regional, numa escala de 0 a 10, sendo 0 mais à esquerda, ficou em 5,3 pontos, 0,1
a menos do que em 2006. O
Brasil teve 5,1 pontos, e a Venezuela, surpreendentemente, ficou mais à direita, com 5,3.
O país de Hugo Chávez, aliás,
é o que registra a maior aprovação das privatizações da última
década e meia: ali, 47% crêem
que elas foram benéficas, contra uma média regional de 35%.
Maiores exportadores de petróleo da região -o barril do
produto fechou ontem a US$
95,10, após bater US$ 98,62 na
semana passada- os venezuelanos também são os mais otimistas quanto ao futuro financeiro: 60% acham que a situação econômica do país melhorará nos próximos 12 meses,
quase o dobro da média regional de 31%.
Nesse quesito, os venezuelanos estão muito à frente dos segundos no ranking, os uruguaios, com 37%, dos bolivianos, com 36%, e dos brasileiros,
com 35%. Os mais insatisfeitos
(como ocorre na maioria dos
pontos levantados) são os paraguaios, dos quais só 16% estão
esperançosos. Junto dos colombianos, os venezuelanos
também têm as melhores expectativas para a situação econômica familiar no próximo
ano: 61% esperam melhora.
Um ponto abaixo, estamos os
brasileiros.
Bolivarianismo
Embora o eleitorado não tenha pendido à esquerda, a retórica bolivariana de Chávez e de
do aliado Evo Morales, na Bolívia, se mostra eficaz. Os dois
países lideram a escala de satisfação com a distribuição de
renda, com 55% e 30% de sua
população, respectivamente,
considerando-a justa. A média
regional é de 21%, e o Brasil
aparece lá embaixo, com 13%
(Argentina e Chile vêm com
10%; Peru, 8%; Paraguai, 6%).
Os venezuelanos são também os que mais querem um
Estado protetor: 67% crêem
que este seja capaz de resolver
todos os problemas da sociedade, seguidos pelos dominicanos
(65%), contra uma média de
38%. Desta vez, os bolivianos ficam longe, com 29%, e o Brasil,
pouco acima da média (40%).
A melhora da situação econômica na maioria dos países
também reduziu, um pouquinho, a preocupação com o desemprego. Ele segue sendo o
problema principal para 18%
dos entrevistados na região,
mas a criminalidade encosta
nesse índice, com 17%. Em países como Venezuela (46%),
Guatemala (38%), Chile (30%),
Argentina (25%) e Brasil (17%),
a preocupação com o crime é a
maior.
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