São Paulo, quinta, 17 de dezembro de 1998

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AS CRISES
Congressistas negociam adiar a votação na Câmara sobre a destituição do presidente, prevista para hoje
Ataque ajuda Clinton contra impeachment

MARCELO DIEGO
de Nova York

O ataque ao Iraque pode dar mais tempo para o presidente Bill Clinton tentar convencer congressistas a votar contra o impeachment. A Casa Branca se recusa a admitir uma possível derrota na Câmara.
Segundo a rede de TV CNN, democratas (partido do governo) e republicanos (oposição) acertaram ontem adiar a votação do impeachment devido ao ataque norte-americano ao Iraque. A votação está prevista para hoje.
O adiamento foi debatido numa reunião entre o republicano Bob Livingston, futuro presidente da Câmara, e Dick Gerphardt, líder da minoria democrata. Nenhum anúncio oficial foi feito até o fechamento desta edição, mas participantes da reunião davam como certo o adiamento.
"Seria estranho ter de decidir o destino do presidente durante um bombardeio no Iraque", disse o presidente da Comissão de Justiça da Câmara, Henry Hyde.
O porta-voz da Casa Branca, Joe Lockhart, negou que a ação militar tenha relação com o processo de impeachment. "A decisão do presidente é tomada após ouvir o Conselho de Segurança da ONU."
Segundo a agência de notícias "Reuters", assessores da Casa Branca disseram que o presidente pode fazer hoje um discurso de última hora pedindo que a Câmara rejeite as acusações contra ele.
Mais quatro deputados anunciaram ontem que votarão contra Clinton. Desde segunda-feira, 15 congressistas passaram de indecisos a favoráveis ao impeachment.
Apesar disso, a Casa Branca ainda acredita que há indecisos o suficiente para determinar o resultado final da votação.
O presidente passou a manhã reunido com conselheiros militares. À tarde, recebeu deputados.
O processo de impeachment é composto de quatro artigos, votados em separado. Dois acusam o presidente de falso testemunho, um de obstrução de Justiça e outro de abuso de poder. Clinton foi investigado por seu relacionamento com Monica Lewinsky (ex-estagiária da Casa Branca).
Como as votações são separadas, democratas e republicanos não têm uma idéia precisa sobre quantos votos têm na mão. Há 25 indecisos -e os democratas precisariam de 18 ou 19 votos entre eles.
Para ser aprovado na Câmara, o impeachment requer 218 votos. A casa tem 228 republicanos, 206 democratas e 1 independente.



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