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McCain abre vantagem na Carolina do Sul
Senador de posições duras é o republicano preferido em quase todos os segmentos de eleitores; economia é o tema maior
Candidato é desafiado por Mike Huckabee, que atrai
o importante eleitorado cristão de direita; primária democrata será só no dia 26
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A COLUMBIA
No salão de "beleza afro" Angelina's, no centro da cidade de
Columbia, capital da Carolina
do Sul, as primárias locais dominam o assunto. "As clientes
ficam brigando. A maioria vota
em Barack Obama e Hillary
Clinton [democratas], algumas
em republicanos, e todas querem me convencer. Ainda não
sei se voto em Obama, Hillary
ou [o republicano] John
McCain", diz Pamela Millor,
48, sócia do salão, que não se
inscreveu em nenhum partido
(é independente).
Pamela é a típica eleitora do
Estado que pode ser arrastada
pela onda McCain, cujas propostas têm muito pouco a ver
com as dos democratas. A Carolina do Sul vota amanhã em
sua primária republicana e, no
dia 26, na democrata. Também
amanhã, o Estado de Nevada,
onde está localizada a cidade de
Las Vegas, realiza seus "caucuses" (assembléias de eleitores)
dos dois partidos.
Atual líder republicano nas
pesquisas nacionais, o senador
do Arizona avançou para o primeiro lugar na Carolina do Sul,
conseguindo o feito raro de ser
o predileto em quase todos os
segmentos. É a primeira opção
de voto das mulheres, dos homens, dos eleitores republicanos, dos independentes e até
entre os democratas que mudaram de partido neste ano para
eleger algum republicano.
Pamela explica sua dúvida.
"Eu tenho dois filhos, não ganho muito dinheiro, e o que eu
mais queria era assistência médica de graça. Está duro pagar.
O McCain não defende isso, eu
sei, mas é algo estranho. Quando eu ouço ele falar, ele me parece o mais sincero de todos, o
mais confiável, o que tem as
melhores idéias para o país e
não só para si próprio. E acho
que ele sabe o que fazer com o
Iraque, pela experiência que ele
tem [tendo lutado no Vietnã]."
Plano econômico
Candidato com posições duras mesmo quando está em comício -defendeu em Iowa, a
capital do milho, que não daria
subsídios aos fazendeiros locais, e depois disse em Michigan que não é possível recuperar os empregos perdidos na indústria automotiva nos últimos
anos, um dos fatores pelos
quais foi derrotado por Mitt
Romney-, McCain tem conquistado a preferência de um
Estado em que a economia é o
principal tema de interesse dos
eleitores: 31%, à frente de imigração (23%), de acordo o instituto Rasmussen.
Ontem o senador defendeu
em Columbia um plano de longa duração com estímulos à
economia, para preparar os
EUA para "os tempos difíceis à
frente", em referência à possível entrada do país em uma recessão desencadeada, entre outros fatores, pela crise imobiliária. Para estimular a produção,
McCain propõe a redução de
taxas corporativas, investimento em maquinários e tecnologia e facilitação de crédito.
Dias atrás, ao criticar a proposta do rival Mitt Romney, de
que é preciso concentrar investimentos em curto prazo para
acalmar rapidamente a economia do país, McCain pediu cautela e citou as propostas democratas, de maior intervenção.
"Vocês vão ouvir dos democratas: "Vamos bombear US$
70 bilhões, vamos bombear
US$ 80 bilhões, façamos isso,
façamos aquilo". Meus amigos,
lembrem-se de quem vai pagar
isso. Isso [o dinheiro] não vem
de uma impressora, isso vem
dos nossos bolsos", disse.
A ascensão homogênea do
republicano -que ganhou uma
de três votações, a de New
Hampshire, até agora- chama
a atenção da coordenação de
campanhas dos partidos concorrentes. "McCain tem conseguido o voto dos independentes, mas acho que os independentes da Carolina do Sul virão
para o nosso lado", diz Josh Ernest, 32, porta-voz do comitê
de Obama em Columbia.
Há, contudo, vários desafios
até amanhã. Mike Huckabee, o
segundo nas pesquisas, é o predileto dos evangélicos, e isso
pode fazer muita diferença em
um Estado onde a direita religiosa costuma decidir eleições.
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