São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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AMÉRICA LATINA

Mais uma cidade cai em poder de rebeldes

França sugere intervir no Haiti; governo brasileiro prefere cautela

NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Haiti Press Network revela que os chanceleres da França e do Brasil, Dominique de Villepin e Celso Amorim, conversaram por telefone sobre como contribuir para estabilizar "certos países", como Guiné-Bissau e Haiti.
Enviado pela França ao Haiti, Régis Debray, antigo entusiasta da Revolução Cubana, fez um relatório em que considera uma intervenção necessária, já que um governo de transição terá de contar com proteção. Falar em governo de transição significa decretar, por antecipação, a queda do governo constitucional.
Ontem, mais uma cidade, Hinche, caiu em poder de rebeldes. O governo haitiano disse que um golpe de Estado está em curso e pediu ajuda internacional para restabelecer a ordem, rompida desde o último dia 5.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, já se disse contrário à destituição de Jean-Bertrand Aristide e afirmou que "não é o momento" de enviar uma força ao país. Washington não se sentiria "confortável" com intervenção francesa em área de sua influência, embora o Haiti seja ex-colônia da França. Villepin já fala claramente da possibilidade de envio de tropa de paz. "Temos a capacidade de intervir, e muitos países amigos se dispõem a isso", disse. Estaria se referindo à conversa com Amorim? Segundo a Haiti Press Network, o brasileiro teria sido extremamente cauteloso, lembrando que a maioria dos países da América Latina já se manifestou contra a quebra da ordem constitucional.
Talvez por isso a oposição política a Aristide, não as gangues armadas, tenha passado a exigir que uma renúncia "constitucional".


Newton Carlos é jornalista e analista de questões internacionais

Colaborou a Redação


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