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Kosovo declara independência da Sérvia
Decisão unilateral fecha o ciclo de desintegração da antiga Iugoslávia, iniciado em 1990; Belgrado e Moscou protestam
Após aprovar a secessão, Parlamento se compromete a respeitar os direitos das minorias e estabelece como meta a adesão à UE e à Otan
Valdrin Xhemaj/Efe
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O premiê kosovar, Hashim Thaci, exibe a bandeira do país |
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O Parlamento de Kosovo declarou ontem sua independência da Sérvia, abrindo caminho
para a criação do sétimo país
surgido da antiga Iugoslávia. A
proclamação consolida um
controvertido processo de secessão apoiado pelos EUA e pela maioria dos países da União
Européia, mas duramente contestado pela Sérvia e pela Rússia, seu principal aliado.
A decisão foi imediatamente
condenada pelo governo sérvio,
que perdeu o controle da Província em 1999, depois de uma
ofensiva militar da Otan (aliança militar do Ocidente) liderada pelos EUA para conter a perseguição a separatistas albano-kosovares. Desde então, a Província está sob a administração
das Nações Unidas.
Um mar de bandeiras da Albânia, origem étnica de 90%
dos kosovares, começou a tomar conta da capital da Província, Pristina, desde as primeiras
horas de domingo, enquanto
crescia a expectativa em torno
do anúncio. A senha para o começo da festa já havia sido no
sábado, quando o premiê kosovar, Hashim Thaci, disse que o
domingo seria "o dia de se
transformar em realidade a
vontade do povo".
Em uma sessão extraordinária convocada pelo ex-líder
guerrilheiro Thaci, o Parlamento de Kosovo aprovou por
109 votos a zero a decisão de
romper os laços com a Sérvia,
marcando um desfecho para a
luta por independência iniciada no fim dos anos 90. "De agora em diante Kosovo é um Estado orgulhoso, independente,
soberano e livre", disse Thaci
diante do Parlamento. "Foi
uma longa jornada de sacrifício
mas também de vitória."
Em uma sessão que durou 45
minutos, os parlamentares
aprovaram uma declaração em
que o novo Estado se compromete com o respeito aos direitos das minorias, estabelece a
meta de aderir à UE e à Otan e
rejeita os temores, insistentemente repetidos pela Rússia
nos últimos meses, de que a independência de Kosovo crie
um precedente para outros
conflitos separatistas.
A sessão mal tinha terminado quando o presidente sérvio,
Boris Tadic, veio a público para
rechaçar a declaração, que chamou de ilegal. "A Sérvia fará tudo o que estiver em seu poder
para revogar a declaração de independência unilateral e ilegal", disse Tadic, em Belgrado.
Ele reiterou, porém, que entre
os recursos que a Sérvia pretende usar para reverter a secessão não está o uso da força.
Tadic pediu calma aos cerca
de 130 mil sérvios que são minoria entre a população kosovar, de 2 milhões. Belgrado
considera a Província o berço
de sua civilização, pois nela estão localizados importantes
templos dos ortodoxos sérvios.
Reconhecimento
De acordo com o primeiro-ministro kosovar, a declaração
aprovada ontem se baseia no
plano apresentado no ano passado pelo enviado especial da
ONU, Martti Ahtisaari, que
prevê "independência supervisionada". O plano foi rejeitado
na ONU pela Rússia, e a independência de Kosovo foi declarada sem o aval do Conselho de
Segurança da organização.
Há poucos dias, sem especificar uma data, a UE aprovou o
envio de uma missão com 1.800
pessoas para substituir a administração da ONU e ajudar a
transição de Kosovo para o status de país independente.
A expectativa agora passa a
ser em torno dos países que
apoiarão a proclamação. Há um
consenso entre especialistas
em direito internacional de que
o reconhecimento de um número significativo de países é a
condição principal para que a
independência de um país seja
considerada legítima. Mas essa
condição pode gerar situações
confusas, quando a independência é reconhecida por alguns países e não por outros,
como é o caso de Kosovo.
Thaci afirmou na semana
passada que tinha confirmação
de que cem países reconheceriam a independência logo após
a declaração. No entanto, mesmo os principais aliados, como
EUA e UE, preferiram não fazer um gesto formal ontem.
Com agências internacionais
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