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Brasil reconhecerá novo Estado apenas depois do aval da ONU
DE GENEBRA
O Brasil só reconhecerá a independência de Kosovo depois
que ela receber o aval das Nações Unidas. A posição foi expressa pelo embaixador brasileiro na Sérvia, Dante Coelho
de Lima, que passou por um
susto, ontem em Belgrado,
quando seu carro foi totalmente destruído por manifestantes
nacionalistas enfurecidos.
Coelho de Lima esteve entre
os mais de 60 embaixadores
que atenderam ontem ao convite do chanceler sérvio, Vuk
Jeremic, para explicar as medidas que o país tomará contra a
secessão kosovar. Segundo o diplomata brasileiro, Jeremic estava "tenso, com semblante fechado", e disse que a Sérvia pedirá à ONU que anule a independência de Kosovo.
O chanceler sérvio também
pediu que os embaixadores
presentes transmitissem a seus
governos que o reconhecimento à separação terá repercussão
nas relações com Belgrado.
Coelho de Lima disse que o
Brasil vai esperar as discussões
nas Nações Unidas.
"Nossa posição histórica é de
privilegiar o multilateralismo.
Nós acolhemos a resolução
1.244, que reconhece Kosovo
como parte do território da
Sérvia", disse o embaixador à
Folha, por telefone. "Para nós
qualquer solução tem de ser
obtida no âmbito do Conselho
de Segurança da ONU."
O diplomata brasileiro disse
que há uma clara divisão política no país, e a maior prova disso foi o resultado das recentes
eleições presidenciais, que deram um segundo mandato a
Boris Tadic, um moderado pró-Europa, por uma margem muito pequena. A única questão
em que não há divisão, afirma,
é a secessão de Kosovo.
"Há uma unanimidade em
torno da importância de se preservar Kosovo como parte da
Sérvia", disse.
O discurso duro do chanceler
sérvio, prometendo retaliações, como a retirada dos embaixadores de países que reconhecerem a independência de
Kosovo, excluiu qualquer possibilidade de uso da força, segundo o embaixador brasileiro.
Por uma infeliz coincidência,
enquanto Jeremic descartava a
violência, do lado de fora do
ministério o quebra-quebra de
nacionalistas atingia os carros
dos embaixadores.
"Agora estou a pé", disse
Coelho de Lima.
(MN)
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