São Paulo, segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

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Brasil reconhecerá novo Estado apenas depois do aval da ONU

DE GENEBRA

O Brasil só reconhecerá a independência de Kosovo depois que ela receber o aval das Nações Unidas. A posição foi expressa pelo embaixador brasileiro na Sérvia, Dante Coelho de Lima, que passou por um susto, ontem em Belgrado, quando seu carro foi totalmente destruído por manifestantes nacionalistas enfurecidos.
Coelho de Lima esteve entre os mais de 60 embaixadores que atenderam ontem ao convite do chanceler sérvio, Vuk Jeremic, para explicar as medidas que o país tomará contra a secessão kosovar. Segundo o diplomata brasileiro, Jeremic estava "tenso, com semblante fechado", e disse que a Sérvia pedirá à ONU que anule a independência de Kosovo.
O chanceler sérvio também pediu que os embaixadores presentes transmitissem a seus governos que o reconhecimento à separação terá repercussão nas relações com Belgrado. Coelho de Lima disse que o Brasil vai esperar as discussões nas Nações Unidas.
"Nossa posição histórica é de privilegiar o multilateralismo. Nós acolhemos a resolução 1.244, que reconhece Kosovo como parte do território da Sérvia", disse o embaixador à Folha, por telefone. "Para nós qualquer solução tem de ser obtida no âmbito do Conselho de Segurança da ONU."
O diplomata brasileiro disse que há uma clara divisão política no país, e a maior prova disso foi o resultado das recentes eleições presidenciais, que deram um segundo mandato a Boris Tadic, um moderado pró-Europa, por uma margem muito pequena. A única questão em que não há divisão, afirma, é a secessão de Kosovo.
"Há uma unanimidade em torno da importância de se preservar Kosovo como parte da Sérvia", disse.
O discurso duro do chanceler sérvio, prometendo retaliações, como a retirada dos embaixadores de países que reconhecerem a independência de Kosovo, excluiu qualquer possibilidade de uso da força, segundo o embaixador brasileiro. Por uma infeliz coincidência, enquanto Jeremic descartava a violência, do lado de fora do ministério o quebra-quebra de nacionalistas atingia os carros dos embaixadores.
"Agora estou a pé", disse Coelho de Lima. (MN)


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