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Evo negocia carro elétrico e avião
Na França, boliviano encontra executivos interessados na exploração do lítio, usado em baterias
Presidente mostra interesse em Airbus e anuncia visita de Sarkozy para inaugurar "escola de administração pública pluricultural"
DA REDAÇÃO
Em visita oficial ontem a Paris, o presidente boliviano, Evo
Morales, esteve com dirigentes
de multinacionais do setor
energético, externou o interesse em comprar um jato para
suas viagens internacionais e
acertou uma visita oficial do
presidente francês, Nicolas
Sarkozy, a La Paz em setembro.
"Saio muito satisfeito", declarou o boliviano, antes de revelar que Sarkozy irá a seu país
inaugurar "uma escola de administração pública pluricultural", que será criada com colaboração da França. O país europeu é famoso por contar com
um vasto e especializado corpo
burocrático -em contraste
com a Bolívia, Estado carente
de mão-de-obra capacitada.
Morales afirmou também
que seu interlocutor "saudou a
nova Constituição e as transformações pacíficas da Bolívia", que, segundo o boliviano,
vive atualmente um processo
político similar ao que os franceses experimentaram em
1789, na Revolução Francesa.
O gabinete do francês relatou
ainda que Morales -que teve
reunião ontem com executivos
da fabricante de aviões- manifestou vontade de adquirir um
jato da francesa Airbus para
suas viagens internacionais.
Energia
Os outros encontros do presidente boliviano na capital
francesa foram com representantes da franco-belga Total,
uma das maiores empresas do
segmento no mundo, que já
atua no setor de gás na Bolívia,
e com a Bolloré, cujo interesse é
nas reservas de lítio do país (almejadas também por grupos japoneses, para a fabricação de
carros elétricos).
"Fiquei muito surpreso com
o interesse da Bolloré no carro
de lítio. A Bolívia está interessada em ter sócios de longo prazo. Podemos abrir negociações
com eles", disse Morales, que
dirigiu um protótipo ontem.
Ele enfatizou, porém, que
exige a participação boliviana
na industrialização do automóvel e que não aceitará que seu
país seja apenas o exportador
do mineral que é a principal
matéria-prima para as baterias
do carro elétrico. "Há um princípio essencial: o Estado não
aceitará nunca perder a propriedade das riquezas do país.
Os saques às matérias-primas
bolivianas acabaram", disse ele.
A Bolívia tem, na salina de
Uyuni, área de 12.500 km 2 no
sudoeste do país, a maior jazida
de lítio no mundo, estimada em
metade das reservas do mundo.
Após 15 anos de pesquisa e
investimento de mais de 70
milhões, a Bolloré afirma ter
desenvolvido uma bateria de lítio capaz de viabilizar comercialmente um carro elétrico
com autonomia de 250 km. O
veículo, concebido em conjunto com a italiana Pinifarina,
empresa especializada no design automotivo, tem lançamento previsto para este ano.
Chávez
Enquanto Morales estava em
Paris negociando, em La Paz
seus partidários defenderam a
ideia de que ele repita a estratégia do presidente da Venezuela
e tente implantar na Bolívia a
reeleição ilimitada, a exemplo
do que seu aliado Hugo Chávez
conseguiu com o referendo do
último domingo.
"O presidente Chávez é o
mais democrático de todos,
porque somente o povo é quem
decide", afirmou o presidente
da Bolívia ontem, ao comentar
o cenário venezuelano.
Com agências internacionais
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