São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

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Evo negocia carro elétrico e avião

Na França, boliviano encontra executivos interessados na exploração do lítio, usado em baterias

Presidente mostra interesse em Airbus e anuncia visita de Sarkozy para inaugurar "escola de administração pública pluricultural"

DA REDAÇÃO

Em visita oficial ontem a Paris, o presidente boliviano, Evo Morales, esteve com dirigentes de multinacionais do setor energético, externou o interesse em comprar um jato para suas viagens internacionais e acertou uma visita oficial do presidente francês, Nicolas Sarkozy, a La Paz em setembro.
"Saio muito satisfeito", declarou o boliviano, antes de revelar que Sarkozy irá a seu país inaugurar "uma escola de administração pública pluricultural", que será criada com colaboração da França. O país europeu é famoso por contar com um vasto e especializado corpo burocrático -em contraste com a Bolívia, Estado carente de mão-de-obra capacitada.
Morales afirmou também que seu interlocutor "saudou a nova Constituição e as transformações pacíficas da Bolívia", que, segundo o boliviano, vive atualmente um processo político similar ao que os franceses experimentaram em 1789, na Revolução Francesa.
O gabinete do francês relatou ainda que Morales -que teve reunião ontem com executivos da fabricante de aviões- manifestou vontade de adquirir um jato da francesa Airbus para suas viagens internacionais.

Energia
Os outros encontros do presidente boliviano na capital francesa foram com representantes da franco-belga Total, uma das maiores empresas do segmento no mundo, que já atua no setor de gás na Bolívia, e com a Bolloré, cujo interesse é nas reservas de lítio do país (almejadas também por grupos japoneses, para a fabricação de carros elétricos).
"Fiquei muito surpreso com o interesse da Bolloré no carro de lítio. A Bolívia está interessada em ter sócios de longo prazo. Podemos abrir negociações com eles", disse Morales, que dirigiu um protótipo ontem.
Ele enfatizou, porém, que exige a participação boliviana na industrialização do automóvel e que não aceitará que seu país seja apenas o exportador do mineral que é a principal matéria-prima para as baterias do carro elétrico. "Há um princípio essencial: o Estado não aceitará nunca perder a propriedade das riquezas do país. Os saques às matérias-primas bolivianas acabaram", disse ele.
A Bolívia tem, na salina de Uyuni, área de 12.500 km 2 no sudoeste do país, a maior jazida de lítio no mundo, estimada em metade das reservas do mundo.
Após 15 anos de pesquisa e investimento de mais de 70 milhões, a Bolloré afirma ter desenvolvido uma bateria de lítio capaz de viabilizar comercialmente um carro elétrico com autonomia de 250 km. O veículo, concebido em conjunto com a italiana Pinifarina, empresa especializada no design automotivo, tem lançamento previsto para este ano.

Chávez
Enquanto Morales estava em Paris negociando, em La Paz seus partidários defenderam a ideia de que ele repita a estratégia do presidente da Venezuela e tente implantar na Bolívia a reeleição ilimitada, a exemplo do que seu aliado Hugo Chávez conseguiu com o referendo do último domingo.
"O presidente Chávez é o mais democrático de todos, porque somente o povo é quem decide", afirmou o presidente da Bolívia ontem, ao comentar o cenário venezuelano.

Com agências internacionais


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