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BRASILEIROS NA TRAGÉDIA
Homenagem a morto pára cidade no PR
Viúva passa mal no velório de Sérgio Silva
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO TOMÉ (PR)
O corpo do brasileiro Sérgio
dos Santos Silva, 28, morto nos
atentados de Madri, chegou ontem às 17h a São Tomé, no noroeste do Paraná, onde mora
sua família. Ele foi recebido por
um cortejo de amigos e familiares que o aguardavam na cidade
vizinha de Cianorte. Acompanharam o trajeto 45 carros.
Em São Tomé (536 km de Curitiba), município com 5.045 habitantes, as lojas fecharam as
portas antes da passagem do
cortejo e muita gente aguardava
nas ruas.
Desde a manhã, um alto-falante no alto da igreja anunciava
a homenagem. O prefeito Arlei
Hernandes de Biazzi (PDT) decretou ponto facultativo hoje e
luto oficial por três dias.
O corpo de Silva foi velado na
capela do cemitério municipal,
onde deve ser enterrado hoje, às
9h. A viúva, Sara Alves da Silva,
21, chorou muito e teve de ser
atendida por enfermeiros. Silva
deixou um filho, Miquéias, 4.
Muitos moradores da cidade
esperaram para acompanhar o
velório. As primeiras horas foram reservadas à família e a amigos mais próximos.
José Aparecido Magalhães
Corrêa, amigo de Silva que mora
em Madri, acompanhou o corpo
desde a Espanha. "O processo
de reconhecimento [do corpo]
foi uma tortura muito grande",
disse Corrêa, que deve retornar
na segunda-feira à Espanha.
Ele estava em situação irregular no país, mas disse que o governo espanhol permitiu o retorno dele. Além da família,
Corrêa tem outros dois irmãos e
uma cunhada em Madri.
Segundo ele, a morte de Silva
deve antecipar a volta deles ao
Brasil. "Muitos brasileiros estão
indo embora. No vôo em que
vim, havia mais 40 brasileiros
retornando", disse Corrêa.
Segundo o prefeito de São Tomé, cerca de 20 pessoas do município estão morando atualmente na Espanha.
A mãe de Corrêa, Maria Alves
de Souza Corrêa, disse que seus
três filhos foram para Madri na
tentativa de guardar dinheiro
para comprar uma casa própria.
"Minha filha disse que, se tivesse
mais 1.000, voltaria agora para
o Brasil. O Cido [José Aparecido] disse que precisa trabalhar
até o final do ano para conseguir
dinheiro para comprar uma casa", disse Maria.
Silva estava em Madri havia
cinco meses e trabalhava como
mestre-de-obras.
A tia de Silva, Maria Aparecida
dos Santos Cordeiro, 41, disse
que ele estava recebendo na Espanha o equivalente a R$ 2.700.
Antes de viajar, Sérgio trabalhava como operário na empresa
Inpal, de produtos químicos a
base de mandioca, em São Tomé, onde recebia R$ 350.
Segundo Cordeiro, a família
ainda não pensou sobre a indenização anunciada pelo governo
europeu para as famílias das vítimas dos atentados.
O prefeito disse que se colocou
à disposição da família para intermediar as conversas com a
Embaixada da Espanha, mas
eles ainda não quiseram tratar
do assunto.
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