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EUROPA
Entidades estudantis francesas anunciam para hoje "1 milhão" em passeatas contra a legislação do primeiro emprego
Chirac exorta estudantes a negociarem
DA REDAÇÃO
O presidente Jacques Chirac pediu ontem a imediata abertura de
negociações entre o governo francês e os sindicatos para conter o
movimento de protesto de universitários contra a nova lei sobre
o primeiro emprego.
Enquanto isso, grupos estudantis, que na quinta-feira colocaram
nas ruas uma multidão de 247 mil
a 500 mil manifestantes -segundo estimativas do Ministério do
Interior ou das associações de
universitários- prometem para
hoje reunir "1 milhão" em passeatas por toda a França.
Por mais que anteontem as manifestações tenham sido em geral
pacíficas, dois focos de violência
eclodiram à noite em Paris, com a
quebra de vitrinas e invasão de
restaurantes e cafeterias.
A polícia usou gás lacrimogêneo
e jatos d'água. O governo anunciou ontem que 92 policiais e 18
manifestantes saíram feridos. Foram presos 187 manifestantes, dos
quais 71 ainda permaneciam sob
custódia policial.
O chefe da polícia parisiense
afirmou que a violência partiu "de
delinqüentes e de militantes anarquistas que só querem atacar os
policiais para que as manifestações degenerem".
O jornal "Le Monde" havia noticiado no início da semana que
não eram provavelmente estudantes os responsáveis pelo saque
e depredação nas dependências
da velha Sorbonne, em Paris.
Pesquisa publicada pelo jornal
"Le Parisien" indica que 68% dos
franceses se opõem à nova legislação, aprovada na semana passada
pelo Parlamento, que procura reduzir o desemprego de recém-formados em universidades e no
ensino técnico.
Para estimular os empresários,
o texto reduz os encargos sociais,
o que implica a redução também
dos direitos trabalhistas dos contratados. O dispositivo mais controvertido prevê a possibilidade
de demissões nos primeiros 24
meses, sem justificativa precisa.
O primeiro-ministro, Dominique de Villepin, está com sua popularidade em queda. O jornal
"Libération" disse ontem que sua
disposição ao diálogo chega tarde
demais. O premiê não admite por
enquanto aceitar, sob pressão, o
pedido de revogação da nova lei,
que deve vigorar em abril.
Seu rival do bloco de centro-direita nas eleições presidenciais de
2007, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, deu à polícia instruções de moderação em caso de
repetição, hoje, dos conflitos
ocorridos na quinta.
Ele declarou que os distúrbios
foram obras de "arruaceiros que
estavam procurando briga". Seus
assessores disseram saber que
não era de estudantes um grupo
que, depois de gerar confusão,
tentou se apoderar do conteúdo
da vitrina de uma joalheria.
O apelo ao diálogo de Chirac na
direção dos sindicatos não surtirá
necessariamente efeitos. Os estudantes não têm obedecido a nenhum comando institucional.
Dois sindicatos estudantis, ligados aos socialistas e à esquerda
trotskista, têm liderança limitada.
Tanto os que se opõem à nova
lei quanto aqueles que não querem que as greves prejudiquem os
exames finais de junho têm se articulado sobretudo pela internet.
Ontem, sexta, protestos ocorreram dentro de dois terços das 84
universidades públicas francesas.
O país praticamente não tem instituições privadas. Os reitores registram um ligeiro recuo do movimento. Não há greve geral. Em
uma parcela das universidades,
ao menos 30, as aulas prosseguem
normalmente.
Com agências internacionais
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