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China veta acesso a mais três Províncias
País proíbe ingresso de turistas e jornalistas em Gansu, Qinghai e Sichuan, onde houve manifestações pró-tibetanos
"Tibete é assunto interno", diz porta-voz do governo, que admite que 13 pessoas foram mortas na repressão aos protestos de monges
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Depois de proibir a entrada
de jornalistas e turistas no Tibete, a China fechou o acesso às
outras três Províncias com população tibetana onde aconteceram manifestações contra o
governo de Pequim.
Tibetanos em Gansu, Qinghai e Sichuan protestaram no
fim de semana contra a repressão no Tibete, mas foram igualmente reprimidos.
O governo chinês diz que 13
civis morreram na sexta passada durante o confronto entre a
polícia chinesa e monges e jovens que se manifestavam pela
autonomia do Tibete, ocupado
pela China em 1951, depois de
período de independência iniciado em 1912. E culpa os manifestantes pelas mortes.
Mas o governo tibetano no
exílio, em Dharamsala, diz que
houve mais de cem mortes provocadas pela repressão chinesa,
além de centenas de prisões de
dissidentes.
O site de vídeos YouTube,
onde foram colocadas imagens
do protesto, foi bloqueado na
China. Reportagens sobre os
conflitos em jornais estrangeiros também são bloqueadas.
O governo chinês diz que a situação em Lhasa, capital do Tibete, já se estabilizou e que a
calma voltou à cidade. Mas pessoas que falaram com amigos
em Lhasa, por telefone, contaram à Folha que "todos estão
com medo e ficam o tempo inteiro em casa, cercados de militares por todos os lados". As ligações não duram mais que
cinco minutos e caem por motivos técnicos. O líder tibetano
no exílio, o dalai-lama, acusou
a China no domingo de "genocídio cultural".
Batalha diplomática
Em sinal de que o governo
chinês sentiu que está perdendo a batalha diplomática contra
os tibetanos, a Chancelaria chinesa convocou uma rara entrevista coletiva ontem à noite para acusar as comunidades tibetanas no exterior de vandalizar
"uma dúzia de embaixadas chinesas pelo mundo".
Ao ser questionado se permitiria que uma missão da ONU
visitasse o Tibete para ver o que
realmente aconteceu, o porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores, Liu Jianchao, disse
que o Tibete era "assunto interno" e que a China "está determinada a lutar pela soberania
nacional e integridade de seu
território".
Ele acusou a "camarilha do
dalai-lama" de provocar os distúrbios ("são hipócritas ao dizer que defendem a não-violência") e afirmou que as forças de
segurança não usaram armas
na repressão, apenas gás lacrimogêneo e água.
O governo divulgou que 61
policiais ficaram feridos nos
confrontos, mas não revelou
números sobre os civis nem sobre prisões de tibetanos.
Ao ser questionado por que
um país como a China ainda
precisa recorrer ao isolamento
de regiões inteiras e à censura
na mídia para impedir qualquer visão imparcial, o porta-voz Liu Jianchao disse que não
sabia que sites da internet estavam bloqueados.
A apreensão do governo chinês só aumenta com a proximidade da Olimpíada de Pequim,
que começa em 8 de agosto. Os
Jogos Olímpicos são considerados prioridade máxima pelo
Partido Comunista Chinês, no
poder desde 1949, como a festa
que mostrará ao mundo a potência emergente do país.
Mas várias organizações de
direitos humanos já convocaram um boicote ao evento e
comparam a atual situação no
Tibete com o massacre na praça Tiananmen (da Paz Celestial), de Pequim, em 1989. Na
época, o massacre também foi
"escondido" pelas autoridades
chinesas. Ativistas e dissidentes têm sofrido prisões e perseguição nos últimos meses, como sinal de que o governo não
vai tolerar ninguém que tente
estragar a festa.
Imagens da televisão de
Hong Kong mostram Lhasa, a
capital tibetana, ocupada por
um pesado esquema de segurança. A equipe de TV, formada
por cidadãos chineses, foi expulsa ontem de Lhasa.
Em Pequim, estudantes de
origem tibetana organizaram
uma vigília à luz de velas na
Universidade Central para Nacionalidades com o objetivo de
"rezar pelos mortos". A polícia
manteve a imprensa longe do
ato -uma pequena, mas rara,
demonstração de desafio na capital. A vigília foi encerrada por
policiais horas antes de um prazo para que manifestantes em
Lhasa se entregassem à polícia.
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