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Intelectuais da esquerda do Brasil pedem punição
FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO
O professor emérito de filosofia
da USP Ruy Fausto criticou a posição do governo de Luiz Inácio
Lula da Silva em relação aos últimos atos do regime do ditador Fidel Castro, em Cuba: "O governo
precisa ter uma posição mais clara e mais incisiva. Se Lula se posicionasse a favor dos dissidentes
cubanos seria uma vitória internacional".
Fausto é um dos organizadores
de um documento de intelectuais
brasileiros -assinam como "homens e mulheres de esquerda"-
que condena a repressão a dissidentes do governo cubano, a
"oposição democrática" na ilha.
Recentemente o regime de Castro
condenou à prisão 75 pessoas que
fazem oposição ao regime.
Entre os nomes do abaixo-assinado, que está colhendo assinaturas pela internet, estão os professores de filosofia da USP Olgária
Matos e Marcio Suzuki, o historiador e professor da Sorbonne
Luiz Felipe de Alencastro, Leda
Tenório da Motta, professora da
PUC-SP, além de intelectuais historicamente ligados ao PT, como
o professor de filosofia da USP
Renato Janine Ribeiro.
Para Ruy Fausto, a posição explicitada pelo diplomacia brasileira na Comissão de Direitos Humanos na ONU (Organização das
Nações Unidas) não reflete a totalidade do governo. "Conheço pessoas no governo que têm uma posição crítica, que condena os atos
em Cuba, como Tarso Genro",
disse o professor. Ele elogiou a
política externa brasileira em outros assuntos. "Tem avançado."
Fausto declarou ser indefensável a declaração do embaixador
brasileiro em Cuba que teria afirmado que os julgamentos na ilha
eram assuntos internos. "É indefensável porque se trata de uma
evidente violação dos direitos humanos. Isso não é assunto interno
de lugar nenhum", disse.
Preparado antes de o governo
brasileiro apresentar formalmente sua posição na ONU, o documento dos "intelectuais de esquerda" não cita o governo Lula,
mas é incisivo ao pedir a condenação dos atos de Fidel Castro.
Crítico da política externa americana, o texto pede tratamento
equiparado tanto aos atos do governo de George W. Bush quanto
aos "ataques" aos direitos humanos em Cuba: "A condenação dos
dissidentes cubanos é tão ilegítima quanto o tratamento que dá o
governo norte-americano aos
seus prisioneiros em Guantánamo, tratamento contra o qual
também protestamos".
"Mito cubano"
O documento sustenta que o repúdio a Cuba não significa levar
"água para o moinho da política
expansionista dos falcões de Washington", pelo contrário: "a existência dessas ditaduras conforta
essa política tanto no plano ideológico, como no plano prático".
Para Fausto, as assinaturas ao
documento devem crescer, mas
ele não será unânime entre os intelectuais de esquerda pelo "tabu
em torno da questão". Segundo
ele, "sempre há aquele mito cubano" de que não se pode criticar
porque é um governo socialista.
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