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Brasileiro mediou encontro entre Che Guevara e os EUA
Armada pelo diplomata Edmundo Barbosa, reunião secreta
ocorreu 4 meses após fracassada invasão da baía dos Porcos
Em memorando enviado
a Kennedy, americano
diz que Che "agradeceu"
pela tentativa frustrada
de depor Fidel Castro
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Eram 2h em Montevidéu
naquele 17 de agosto de 1961,
exatos quatro meses depois
da invasão da baía dos Porcos. Foi então, no meio de
uma festa de aniversário, que
um brasileiro intermediou
um histórico encontro entre
um emissário de Cuba -Che
Guevara (1928-1967)- e um
diplomata norte-americano.
Ocorreu ali a primeira reunião de alto nível entre os
dois países após o fracassado
ataque patrocinado pela CIA
na praia cubana, que completou 50 anos ontem.
O diplomata brasileiro Edmundo Barbosa da Silva não
só armou o encontro secreto
como serviu de intérprete entre Richard Goodwin, ex-subsecretário dos EUA para Assuntos Inter-Americanos, e
Che, que usava "uniforme
verde e a costumeira barba
longa e despenteada".
A informação está no memorando que Goodwin enviou cinco dias depois ao presidente John Kennedy (1961-63), texto que permaneceu
secreto por mais de 30 anos.
O documento está hoje na
internet, no arquivo dos National Security Archives, da
Universidade George Washington. Mas a participação
da diplomacia brasileira segue pouco conhecida, e ainda há muito a ser explorado.
Pouco antes do aniversário da invasão, o NSA entrou
na Justiça para obrigar a CIA
a liberar o "História Oficial da
Invasão da Baía dos Porcos".
"A CIA continua fazendo a
história de refém", disse Peter Kornbluh, que dirige o
projeto de Cuba do NSA.
ESFORÇO BRASILEIRO
No memorando, o subsecretário americano afirma
que "membros das delegações brasileira e argentina fizeram esforços para organizar o encontro" com Che.
Goodwin conta ter sido
convidado para a festa de um
diplomata brasileiro em
Montevidéu. Depois de uma
hora no local, "um dos argentinos me disse que Che
também fora convidado".
"Ele chegou por volta das
2h e indicou Edmundo Barbosa da Silva, do Brasil (...),
que tinha algo a me dizer."
A narrativa descreve um
dos principais momentos do
encontro: o famoso "agradecimento" de Che aos EUA pelo fiasco da baía dos Porcos.
"Ele disse que queria nos
agradecer muitíssimo pela
invasão, que teria sido uma
grande vitória política -permitiu consolidar [a revolução] e transformou Cuba de
pequeno país incomodado
em um igual", diz Goodwin.
O memorando ainda delineia um retrato elaborado de
Che. "Sob a barba suas feições eram bastante suaves,
quase femininas, e seus modos intensos", diz Goodwin.
FOLHA.com
CIA sabia que invasão iria
fracassar, diz pesquisador
folha.com.br/mu903993
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