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ORIENTE MÉDIO
Ele exige que Israel deixe áreas invadidas durante a Intifada; para israelenses, trata-se de desculpa para adiar pleito
Arafat agora condiciona eleições à retirada de Israel
DA REDAÇÃO
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina (ANP), Iasser
Arafat, disse ontem que só realizará novas eleições quando o
Exército israelense se retirar de
áreas da faixa de Gaza e da Cisjordânia ocupadas desde o início da
Intifada, em setembro de 2000.
Pressionado por EUA e Israel
-e sobretudo por críticas no plano doméstico- a promover mudanças institucionais na ANP,
Arafat prometeu nesta semana reformas aceleradas e a convocação
de eleições municipais e legislativas dentro de seis meses.
Ao impor condições para convocar o pleito, Arafat tenta aumentar seu poder de barganha
com relação ao premiê israelense,
Ariel Sharon. Como os EUA exigem mudanças na ANP como fator importante para o futuro do
processo de paz, o líder palestino
espera que Washington ponha
pressão sobre o governo de Israel
para que realize a retirada militar.
Altos funcionários palestinos
argumentam que a continuação
do cerco militar israelense e o bloqueio das estradas impossibilitam
a realização de eleições justas e livres. Sem liberdade de movimento, é muito difícil organizar campanhas para apresentar plataformas políticas à população, disse à
Folha Ahmed Sobeh, diretor-geral do Ministério de Cooperação
Internacional da ANP.
Arafat poderia estar tentando
também ganhar tempo -ele sabe
que dificilmente Sharon aceitaria
retirar o Exército nas atuais circunstâncias e seria visto, assim,
como o responsável pela eventual
demora na realização das eleições.
Indagado em Ramallah sobre
quando haverá eleições, Arafat
respondeu: "Assim que terminar
a ocupação de nossa terra".
Não ficou claro, inicialmente, se
ele quis dizer uma retirada total
israelense às linhas anteriores à
guerra de 1967 -o que incluiria o
desmantelamento das dezenas de
colônias judaicas- ou se havia se
referido a um retorno à situação
pré-Intifada. O ministro do gabinete Nabil Shaath esclareceu: "O
presidente quis dizer que não haverá eleição até que Israel retire as
suas forças de ocupação para onde estavam em 29 de setembro de
2000 (início da Intifada)".
A saída das tropas israelenses de
áreas antes controladas pela ANP
é uma das recomendações de dois
planos de cessar-fogo apresentados pelo diretor da CIA, George
Tenet, e pelo ex-senador americano George Mitchell.
Israel afirma, porém, que não
há sentido em dialogar com a liderança palestina para a implementação dessas propostas enquanto não houver a contrapartida da ANP prevista nos documentos: o fim da violência e o
combate a grupos terroristas como Hamas e Jihad Islâmico.
"Por um lado, Arafat fala sobre
reformas, mas agora tem uma
desculpa para não executá-las",
disse Raanan Gissin, porta-voz de
Sharon. "Ele sabe muito bem que,
enquanto não tomar iniciativa
contra o terrorismo, as forças israelenses permanecerão lá."
Lições de Washington
Mohammed Rashid, um dos
principais assessores de Arafat,
que está nos EUA, disse ontem ter
preparado junto com altas autoridades americanas um calendário
de reformas para tornar a ANP
mais democrática. Afirmou que
as duas partes têm interesse em
preparar mudanças políticas e no
aparato de segurança palestino
antes de uma eventual conferência internacional para a paz no
Oriente Médio, em julho.
Segundo ele, o subsecretário de
Estado William Burns teria participado da formulação das reformas, que incluiriam redução no
número de pastas ministeriais das
atuais 32 para algo entre 16 e 20.
Os EUA também exigem que a
ANP desarme milícias e reúna os
atuais 12 diferentes serviços de segurança leais a Arafat em apenas
uma ou duas agências centrais.
Rashid disse que os palestinos
aceitaram essa proposta.
Com agências internacionais
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