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ORIENTE MÉDIO
Força de 3.000 homens do grupo terrorista é desafio ao presidente palestino, que reagiu com mobilização policial
Hamas ignora advertência e lança milícia
DA REDAÇÃO
No mais frontal desafio aos poderes do presidente Mahmoud
Abbas até agora, o grupo terrorista Hamas, que controla o governo
palestino desde março, apresentou ontem uma nova força de segurança de 3.000 homens na faixa
de Gaza. Em resposta, o presidente Abbas ordenou que milhares de
policiais fossem para as ruas.
A efetivação da milícia do Hamas, ocorrida poucas horas após
mais um membro do grupo ter sido morto em Gaza, aumenta a
tensão entre as facções rivais, que
há semanas vem empurrando os
territórios palestinos para a beira
da guerra civil. O ministro do Interior, Saeed Seyam, disse que a
missão do contingente será conter "o caos e a anarquia e os crescentes ataques a nosso povo".
Um grupo de 30 homens da nova milícia, cujas fardas ostentam
insígnias islâmicas, começaram
ontem a patrulhar o centro de Gaza e estradas da faixa.
O gesto de força do Hamas parece ter sido motivado pelo misterioso ataque que matou o líder de
um de seus braços armados, praticado por homens mascarados
que atiraram de um carro em movimento nesta quarta-feira em
Gaza. No dia anterior outro militante do Hamas tinha sido morto
em um ataque parecido. Ninguém assumiu a autoria, mas líderes do Hamas culparam o Fatah.
O presidente Abbas, que tem se
oposto com veemência à formação da força de segurança do Hamas por medo de que a iniciativa
provoque ainda mais desagregação e desgoverno, chegou a anular
o decreto que a criou, algumas semanas atrás. Tawfiq Abu Khoussa, porta-voz do Fatah, partido de
Abbas, ontem exortou Seyam a
voltar atrás de sua decisão, que,
segundo ele, pode levar os palestinos "à catástrofe".
Em seus esforços para não perder poder e evitar o isolamento
internacional dos palestinos, Abbas tem mantido contato com as
potências internacionais que
atuam como mediadoras do conflito com Israel para que o processo de paz seja retomado e o boicote financeiro iniciado após a vitória do Hamas seja rompido. Na
semana passada ele obteve um
primeiro sucesso, quando o
Quarteto (EUA, UE, ONU e Rússia) concordou em criar um mecanismo para prover de ajuda humanitária o povo palestino.
Insatisfação popular
A pobreza crescente em Gaza e
na Cisjordânia piorou dramaticamente com a chegada ao poder do
Hamas. O grupo islâmico passou
a sofrer não só a ameaça do Fatah,
mas da insatisfação popular. Ontem centenas de funcionários públicos bloquearam uma estrada
de Ramallah, na Cisjordânia. "[Ismail] Haniyeh, não temos pão",
gritavam ao premiê palestino os
servidores, cujos salários estão há
três meses atrasados.
Em Estrasburgo, um dia após
discursar no Parlamento Europeu, o presidente palestino voltou
a advertir o Hamas: ou abandona
a violência e reconhece o direito
de existência de Israel, ou não sobreviverá. "Eles deveriam adotar
padrões internacionais, ser parte
da comunidade internacional",
disse. "Sem isso não acho que
possam sobreviver."
Numa medida que deve aliviar a
pressão econômica sobre os palestinos, Israel voltou a permitir a
entrada de produtos de Gaza para
o seu território. Segundo o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, a reabertura da fronteira é
uma decisão estratégica que terá
impacto direto sobre a economia
palestina. "Nossa guerra é contra
o terror, não contra os moradores
da faixa [de Gaza]", disse Peretz.
Com agências internacionais
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