São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2006

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COMPORTAMENTO

Jogo que representa morte de alunos em Columbine vira alvo de protesto de parentes das vítimas

Videogame online reproduz massacre em escola dos EUA

Reprodução
Cenas de "Super Columbine Massacre", que reproduz crime


DA ASSOCIATED PRESS

Um videogame online que reproduz o massacre de 1999 na escola secundária Columbine, em Littleton, Colorado (centro-oeste dos Estados Unidos) está provocando protestos de pais das vítimas, que o acusam de banalizar a ação dos jovens homicidas.
O massacre ocorreu em 20 de abril daquele ano, quando dois dos alunos, Eric Harris e Dylan Klebold, passaram a disparar com armas de fogo e mataram 12 colegas e um professor. Em seguida, cometeram suicídio.
O crime gerou debates passionais nos Estados Unidos sobre a liberalidade excessiva das leis de porte de armas. O cineasta Michael Moore abordou a questão em "Bowling for Columbine" (2002), traduzido no Brasil como "Tiros em Columbine".
Outro debate despertado pelo massacre foi movido por grupos religiosos conservadores, que defenderam a reconstrução moral da juventude por meio do estudo obrigatório da bíblia.
O game, intitulado "Super Columbine Massacre", foi colocado na internet no ano passado, mas apenas agora se tornou popular. Ele procura em princípio investigar as causas da carnificina, mas acaba indiretamente valorizando a personalidade e a motivação dos dois jovens assassinos.
Embora não tenha a fotografia de nenhuma das vítimas, o game traz imagens da cena do crime, com adolescentes que correm aos gritos para escapar da fúria irracional dos dois colegas.
"Vivemos numa cultura que valoriza a morte, e por isso não me surpreendo que videogames como esse tenham se tornado um lugar-comum", diz Brian Rohrbough, cujo filho, Daniel, foi um dos mortos. "Tenho nojo disso tudo, por trivializar a ação dos dois assassinos e desrespeitar a vida dos inocentes", completou
O criador do site, que manteve o anonimato em entrevista dada por e-mail, disse ao jornal "Rocky Mountain News" que procurou fazer algo que "promovesse um diálogo verdadeiro a respeito do uso de armas de fogo nas escolas". Disse também que tomou a tragédia como tema porque morava no Estado de Colorado quando ela ocorreu.
"Eu estava na época influenciado por uma certa cultura do elitismo, comum entre os adolescentes que se sobressaem nos esportes", disse. Os dois assassinos eram então, para ele, "garotos muito inteligentes e sensíveis".
Richard Castaldo, que tem as pernas e os braços paralisados por um tiro que levou em Columbine, soube da existência do game por uma revista especializada. Tentou jogá-lo e o compara ao filme "Elefante", em que adolescentes praticam um massacre na escola, sem fornecer nenhuma justificativa concreta. "Essas coisas me deixam confuso", declarou.


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