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IRAQUE OCUPADO
Alvo são iraquianos que participam ou querem participar das forças de segurança; feridos superam 130
Dois atentados deixam 41 mortos em Bagdá
DA REDAÇÃO
Um ataque contra um posto de
recrutamento das Forças Armadas iraquianas em Bagdá deixou
ontem pelo menos 35 mortos e
mais de 130 feridos, aumentando
as tensões a menos de duas semanas da posse do governo interino
e dificultando a tarefa americana
de transferir as operações de segurança no país.
Novamente, foi usado um carro-bomba. O veículo, um utilitário esportivo carregado com obuses, explodiu em frente a um grupo de pessoas que esperava para
se inscrever nas Forças Armadas.
Mais tarde, outro carro-bomba
explodiu ao norte da capital, em
Balad, matando seis membros das
forças de segurança iraquianas.
"Estávamos esperando em fila
pela nossa vez de nos inscrever.
De repente, ouvimos uma grande
explosão, e a maioria das pessoas
na fila caiu no chão, inclusive eu",
disse Rafid Mudhar, levado a um
hospital em Bagdá.
Depois de um período mais calmo entre março e maio, os ataques têm recrudescido conforme
se aproxima a transferência de
poder, 30 de junho. Somente neste ano, 623 pessoas foram mortas
em atentados no Iraque -dois
terços delas entre janeiro e o início de março, e 107 neste mês.
"Vamos cortar as mãos dessa
gente [terroristas], vamos cortar
seus pescoços se for necessário. E,
aqueles que quiserem se unir ao
novo Exército iraquiano, nós iremos protegê-los e encontrar um
local seguro para que possam se
inscrever", disse o ministro da
Defesa, Hazem al Shalan.
Membros das forças de segurança iraquianas estão entre os
principais alvos da insurgência.
Mesmo assim, com salários que
chegam a US$ 500 por mês, o trabalho não deixa de atrair candidatos num momento em que 45%
da população está desempregada.
O Ministério do Interior, mais
uma vez, acusou o terrorista jordaniano Abu Musab Zarqawi pelos ataques. Comunicados atribuídos a Zarqawi, ligado à Al Qaeda, reivindicam a autoria de ataques com carros-bomba no início
do ano e de um atentado que matou 13 pessoas na última segunda.
Transição
Os EUA manterão suas tropas no
Iraque, à frente de uma força multinacional, mesmo após a transferência de poder da Autoridade
Provisória da Coalizão para o governo interino iraquiano, que, segundo resolução aprovada pela
ONU, deve ser soberano. Entretanto a presença militar americana gerou diversas frentes de pressão sobre o governo de George W.
Bush em pleno ano eleitoral
-além da pressão internacional,
há ainda a hostilidade de boa parte dos iraquianos e pressões domésticas, sobretudo no Congresso, por causa dos altos custos financeiro e humano da operação.
Diante desse quadro, o Pentágono defende a redução de seu
contingente de 138 mil homens
no país o mais rápido possível,
contanto que as forças iraquianas
tenham condição de assumir a segurança do país. Por enquanto, a
avaliação é negativa.
"As forças de segurança iraquianas não estão prontas para assumir esse papel. Até que elas estejam, vocês poderão contar conosco", reiterou o vice-secretário da
Defesa americano, Paul Wolfowitz, que esteve ontem no Iraque.
Também ontem, o comando
americano anunciou que o general de quatro estrelas Paul Kern
vai supervisionar a investigação
sobre a tortura de iraquianos por
soldados dos EUA, a fim de ampliar o inquérito para esferas mais
altas da hierarquia militar.
A decisão foi tomada porque o
protocolo militar impede que os
investigadores interroguem oficiais de patente superior. O atual
chefe da investigação, general
George Fay, tem duas estrelas e
não pode, por exemplo, questionar o general Ricardo Sanchez,
comandante das operações no
país, que tem três estrelas.
Com agências internacionais
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