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GUERRA SEM LIMITES
Contrato no valor de US$ 30 milhões prevê construção de presídio para 220 pessoas até julho de 2006
Halliburton vai construir nova prisão de Guantánamo
RUPERT CORNWELL
DO "INDEPENDENT", EM WASHINGTON
Uma subsidiária da empresa
Halliburton, que já foi dirigida pelo vice-presidente dos EUA, Dick
Cheney, venceu um contrato de
US$ 30 milhões para ajudar a
construir uma nova prisão permanente para supostos terroristas na base americana de Guantánamo, em Cuba.
A prisão terá dois andares com
capacidade para 220 pessoas e será equipada com ar condicionado
e instalações médicas e de ginástica. De acordo com o contrato com
o Comando de Engenharia Naval
dos EUA, a construção deve ir até
julho de 2006.
Segundo o Pentágono, o acordo
final pode valer até US$ 500 milhões. O trabalho realizado pela
subsidiária Kellogg Brown &
Root incluirá serviços de construção, ventilação, ar condicionado,
hidráulica e eletricidade.
O anúncio é um sinal de que o
secretário de Defesa americano,
Donald Rumsfeld, está determinado a manter a polêmica prisão
em funcionamento.
Além de denúncias de maus-tratos que beiram a tortura, relatório recente do Pentágono confirmou a ocorrência de atos de
profanação do Corão, livro sagrado muçulmano. Há atualmente
cerca de 520 detidos de 40 países
em Guantánamo, alguns dos
quais presos há mais de três anos.
A Anistia Internacional, que recentemente descreveu a prisão
como "o gulag de nossos tempos", criticou ontem a decisão. "É
uma decisão errônea e aumentará
a preocupação mundial sobre as
notícias de torturas, maus-tratos,
humilhação religiosa e detenções
arbitrárias que saem de lá", afirmou nota do organismo.
A divulgação do contrato ocorre quando o futuro de Guantánamo está em debate nos EUA. Parlamentares democratas e republicanos argumentaram publicamente que o dano causado pela
prisão à imagem dos EUA já é
maior do que qualquer benefício
prático que possa trazer. O democrata Joe Biden, do Comitê de Relações Exteriores do Senado, descreveu o local como um "agência
de recrutamento" da Al Qaeda.
A sugestão mais recente veio
nesta semana do Centro para o
Progresso Americano, que instou
a que os detidos há muito tempo
em Guantánamo sejam transferi
dos para a prisão militar de Fort
Leavenworth (Kansas) e julgados
perante cortes marciais militares.
Detentos de pouco risco em termos de segurança devem ser
transferidos de volta a seus países
de origem, sugeriu o "think tank"
democrata.
O governo George W. Bush parece estar dividido sobre o tema.
A Casa Branca chegou a sinalizar
um possível fechamento da prisão, com um porta-voz declarando que "todas as opções" estão
sendo consideradas.
Mas Cheney e Rumsfeld insistem em que não há uma alternativa prática e que os detentos são
tratados decentemente, além de
aportar informações valiosas para
a guerra contra o terror.
Como Guantánamo, a Halliburton também se tornou um problema para a imagem dos EUA após
denúncias de que os contratos para a reconstrução do Iraque foram
entregues sem licitação a um grupo pequeno de empresas americanas, e depois foram superfaturados. Cheney dirigiu a empresa
por cinco anos, até que se demitiu
para tornar-se candidato a vice de
Bush nas eleições de 2000.
Com agências internacionais
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