São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2007

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Israelenses cortam combustível de Gaza

Para Israel, empresa que cessou o fornecimento à região dominada pelo Hamas agiu segundo interesses comerciais

Na Cisjordânia, agora sob o domínio do laico Fatah, o presidente Abbas deu posse a um novo gabinete, sem os membros do Hamas

Khalil Hamra/Associated Press
Palestino enche galões com gasolina num posto em Gaza; companhia israelense segura produto


DA REDAÇÃO

A empresa de petróleo israelense Dor Alon anunciou ontem que interrompeu o fornecimento do produto à faixa de Gaza, desde quinta-feira controlada pelos militantes islâmicos do Hamas. A Dor Alon é a única fornecedora e disse que continuaria a mandar combustível apenas para a usina termoelétrica local.
A Associated Press afirma ser grande a possibilidade de o sistema de transportes entrar em colapso até amanhã ou quarta-feira, o que afetaria a saúde e o comércio de alimentos.
O governo israelense declarou que a Dor Alon, que é privada, possui razões comerciais para tomar uma decisão que não foi ditada por Jerusalém. Porta-voz da empresa disse que a interrupção se justifica porque ela não tem mais em Gaza interlocutores oficiais.
Filas imensas de caminhões e automóveis formavam-se ontem nos postos, onde cada veículo estava autorizado a comprar apenas dez litros de combustível. O Ministério da Saúde afirmou esperar que os geradores dos hospitais recebam combustível israelense. Mesmo assim, a situação já é caótica, com a paralisação de ambulâncias e dos veículos que transportam plasma e medicamentos.
Um grupo humanitário israelense, o B'Tselem, exortou Jerusalém a reabrir a fronteira com Gaza para permitir a entrada de alimentos e remédios.

Golpe sangrento
Um dos dirigentes do Fatah, grupo desalojado em Gaza pelos islâmicos do Hamas, Saeb Erekat, lançou um apelo a Israel e à comunidade internacional para que o território não entre em colapso. "Os moradores não podem pagar o preço pelo golpe sangrento do Hamas", afirmou.
O chefe das operações humanitárias da ONU em Gaza, John Ging, afirmou temer pelo caos, mas disse esperar que as autoridades israelenses não permitam que isso aconteça. Observadores acreditam que provocar o caos e a fome entre os palestinos de Gaza não enfraqueceria necessariamente o Hamas, que, ao contrário, teria um apoio mais intenso e mais radicalizado, dentro da lógica do martírio muçulmano.
O porta-voz militar israelense, Shlomo Dror, afirmou que suprimentos humanitários não serão bloqueados.
Em Jerusalém, o cônsul americano, Jacob Walles disse acreditar que será difícil manter o suprimento de Gaza, porque "não há nenhum controle palestino nos pontos de passagem". Ele espera que se encontre alguma solução.
A União Européia não interromperá a suplementação em US$ 360 mensais que envia para cada funcionário público civil palestino. O programa beneficia 77 mil, 40% deles em Gaza. Os EUA continuam a agir de modo a beneficiar apenas a Cisjordânia, agora controlada pelo Fatah.

Posse de Fayyad
Na Cisjordânia, Mahmoud Abbas, do Fatah, presidiu ontem cerimônia de posse do novo gabinete, chefiado pelo economista Salam Fayyad, no qual não há representantes do Hamas. Abbas também publicou decreto em que torna ilegal a milícia do grupo islâmico.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, que ontem chegou aos Estados Unidos, disse que a formação do novo gabinete palestino representa "uma oportunidade de paz".


Com agências internacionais


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