|
Próximo Texto | Índice
Israelenses cortam combustível de Gaza
Para Israel, empresa que cessou o fornecimento à região dominada pelo Hamas agiu segundo interesses comerciais
Na Cisjordânia, agora sob o domínio do laico Fatah, o presidente Abbas deu posse a um novo gabinete, sem
os membros do Hamas
Khalil Hamra/Associated Press
|
Palestino enche galões com gasolina num posto em Gaza; companhia israelense segura produto |
DA REDAÇÃO
A empresa de petróleo israelense Dor Alon anunciou ontem que interrompeu o fornecimento do produto à faixa de
Gaza, desde quinta-feira controlada pelos militantes islâmicos do Hamas. A Dor Alon é a
única fornecedora e disse que
continuaria a mandar combustível apenas para a usina termoelétrica local.
A Associated Press afirma ser
grande a possibilidade de o sistema de transportes entrar em
colapso até amanhã ou quarta-feira, o que afetaria a saúde e o
comércio de alimentos.
O governo israelense declarou que a Dor Alon, que é privada, possui razões comerciais
para tomar uma decisão que
não foi ditada por Jerusalém.
Porta-voz da empresa disse que
a interrupção se justifica porque ela não tem mais em Gaza
interlocutores oficiais.
Filas imensas de caminhões
e automóveis formavam-se ontem nos postos, onde cada veículo estava autorizado a comprar apenas dez litros de combustível. O Ministério da Saúde
afirmou esperar que os geradores dos hospitais recebam combustível israelense. Mesmo assim, a situação já é caótica, com
a paralisação de ambulâncias e
dos veículos que transportam
plasma e medicamentos.
Um grupo humanitário israelense, o B'Tselem, exortou
Jerusalém a reabrir a fronteira
com Gaza para permitir a entrada de alimentos e remédios.
Golpe sangrento
Um dos dirigentes do Fatah,
grupo desalojado em Gaza pelos islâmicos do Hamas, Saeb
Erekat, lançou um apelo a Israel e à comunidade internacional para que o território não
entre em colapso. "Os moradores não podem pagar o preço
pelo golpe sangrento do Hamas", afirmou.
O chefe das operações humanitárias da ONU em Gaza, John
Ging, afirmou temer pelo caos,
mas disse esperar que as autoridades israelenses não permitam que isso aconteça. Observadores acreditam que provocar o caos e a fome entre os palestinos de Gaza não enfraqueceria necessariamente o Hamas, que, ao contrário, teria um
apoio mais intenso e mais radicalizado, dentro da lógica do
martírio muçulmano.
O porta-voz militar israelense, Shlomo Dror, afirmou que
suprimentos humanitários não
serão bloqueados.
Em Jerusalém, o cônsul americano, Jacob Walles disse
acreditar que será difícil manter o suprimento de Gaza, porque "não há nenhum controle
palestino nos pontos de passagem". Ele espera que se encontre alguma solução.
A União Européia não interromperá a suplementação em
US$ 360 mensais que envia para cada funcionário público civil palestino. O programa beneficia 77 mil, 40% deles em Gaza.
Os EUA continuam a agir de
modo a beneficiar apenas a Cisjordânia, agora controlada pelo
Fatah.
Posse de Fayyad
Na Cisjordânia, Mahmoud
Abbas, do Fatah, presidiu ontem cerimônia de posse do novo gabinete, chefiado pelo economista Salam Fayyad, no qual
não há representantes do Hamas. Abbas também publicou
decreto em que torna ilegal a
milícia do grupo islâmico.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, que ontem
chegou aos Estados Unidos,
disse que a formação do novo
gabinete palestino representa
"uma oportunidade de paz".
Com agências internacionais
Próximo Texto: Divisão palestina cria dilema político para os EUA Índice
|