|
Texto Anterior | Índice
ANÁLISE
Sabatina canaliza a revolta do eleitorado com as corporações
JOHN GAPPER
DO "FINANCIAL TIMES"
Tony Hayward é apenas o
mais recente líder empresarial a enfrentar uma sabatina
hostil em Washington.
Nos últimos meses os presidentes da Goldman Sachs,
Moody's, Toyota e outras
grandes empresas pecadoras
passaram por isso.
A disputa não opõe americanos a britânicos, mas políticos, canalizando os sentimentos dos eleitores, a grandes corporações.
Durante algum tempo pareceu que a ira pública com a
crise financeira se limitaria
aos bancos. Mas o vazamento criou uma ameaça mais
ampla. O petróleo está virando o novo tabaco, e é possível
que outras indústrias sejam
as próximas na berlinda.
Se executivos-chefes fossem levados a Washington
apenas para serem humilhados, os investidores não se
importariam. Mas a pressão
exercida sobre a BP para suspender os dividendos a seus
acionistas e guardar US$20
bilhões em um fundo reservado a compensações e operações de limpeza preocupa.
Ela traz ecos do acordo do
tabaco de 1998, em que a indústria pagou US$ 246 bilhões a Estados americanos
após ações legais. Apenas
5% desse dinheiro foi gasto
com iniciativas relacionadas
ao tabaco; a Virgínia, por
exemplo, investiu em cabos
de fibra ótica, pesquisas em
energia e educação superior.
Desde o socorro prestado a
Wall Street, o clima está tão
hostil às grandes empresas
que qualquer deslize pode
deixá-las vulneráveis.
Robert Reich, o ex-secretário do Trabalho dos EUA que
quer que o governo americano coloque a BP temporariamente sob o controle de um
responsável por seus ativos,
define o assunto como "uma
disputa entre os interesses da
cidadania e dos acionistas".
Soa bonito, mas a maioria
das pessoas são as duas coisas. Investidores e pensionistas dependem da BP e de outros aristocratas dos dividendos para receber suas aposentadorias. Se os políticos
tirarem os ativos dos aristocratas, quem acabará pagando são os cidadãos.
Texto Anterior: Frases Índice
|