São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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Presidente paraguaio suspende estado de exceção

DA REDAÇÃO

O presidente do Paraguai, Luiz González Macchi, suspendeu ontem o estado de exceção decretado na segunda-feira e acusou o ex-general Lino Oviedo de promover os violentos protestos que o levaram a impor a medida, inicialmente por cinco dias. Em discurso na TV no qual anunciou a suspensão antecipada do estado de exceção, ele disse que "a ordem e a tranquilidade foram restituídas em todo o território nacional" e que, nestas condições, "cessaram as razões que o motivaram".
O presidente fez acusações diretas ao ex-general Oviedo, atualmente exilado no Brasil, classificando-o como autor de "atos de sublevação". As manifestações realizadas por cerca de 20 mil pessoas em diversos pontos do país foram reprimidas pela polícia, com um saldo de duas pessoas mortas, mais de cem feridos e cerca de 300 pessoas presas.
González Macchi acusou Oviedo e o vice-presidente, Julio César Franco, por uma suposta conspiração para derrubá-lo. Franco, do PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico), foi escolhido para o cargo em eleição direta, em 2000. González Macchi assumiu a Presidência em 1999 como presidente do Congresso, após o assassinato do então vice, Luis María Argaña, e a renúncia do presidente Raúl Cubas Grau. Cubas e Oviedo são acusados de cumplicidade no assassinato de Argaña. Ambos pertenciam ao Partido Colorado, o mesmo de González Macchi.
O presidente disse lamentar que "em cômodas poltronas enviem camponeses como bucha de canhão". "Não permitirei que grupos sediciosos pretendam mudar o curso do processo democrático por meio da violência."
Para os analistas, Oviedo organizou os protestos para tentar desestabilizar o governo e conseguir uma anistia que lhe permitisse participar das próximas eleições presidenciais, previstas para daqui a dez meses. Oviedo, que tentou um golpe de Estado contra o então presidente Juan Carlos Wasmosy em 1996, tem mandado de prisão no Paraguai.
"Lamento que o plano de desestabilização do fugitivo Oviedo, com o apoio de alguns setores da oposição, tenha deixado um saldo de vítimas", afirmou o presidente.
González Macchi afirmou ainda que não pretende renunciar. "Vamos deixar isso claro de uma vez e para sempre. Só transmitirei o poder a quem vencer as eleições democráticas em 2003."
O presidente do Partido Colorado, Nicanor Duarte, anunciou a intenção de sua agremiação de abrir um processo de impeachment contra o vice-presidente por sua suposta participação nas manifestações de segunda-feira.
Segundo reportagem publicada ontem pelo jornal "ABC Color", de Assunção, a intenção dos colorados poderia ser afastar Franco para permitir a renúncia de González Macchi e a posse do atual presidente do Congresso, Juan Carlos Galaverna, também membro do partido, na Presidência.


Com agências internacionais

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