São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 2006

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Mortos passam de 200; Israel não cede

Premiê israelense condiciona trégua a libertação de soldados e ignora proposta do Irã; França apóia envio de tropas da ONU

MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE HAIFA

Ataques aéreos israelenses mataram 48 pessoas no Líbano, sendo dez civis, no sexto dia de conflito entre o país e o Hizbollah, elevando o número de civis mortos a 196. O grupo terrorista voltou a atingir a cidade portuária de Haifa, a terceira maior de Israel, onde um prédio de apartamentos de três andares foi parcialmente destruído, ferindo quatro civis. Desde o início da violência, na última quarta-feira, 12 civis e 12 soldados de Israel morreram.
Mais de 100 mil pessoas já deixaram o país e cruzaram a fronteira para a Síria. A ofensiva de Israel deixou milhares de xiitas do sul do Líbano desabrigados. Muitos estão em instituições do governo em Beirute.
Dez civis morreram e pelo menos sete foram feridos em carros bombardeados quando viajavam do sul libanês para a capital. Segundo fontes médicas, eles estavam em uma ponte quando foram atingidos.
No sul do Líbano, as forças de paz da ONU disseram que não estão conseguindo levar ajuda humanitária porque Israel não garante sua segurança. Os militares israelenses dizem que vão criar uma "zona de segurança" virtual de um quilômetro no território libanês para evitar a aproximação do Hizbollah.
Caças israelenses voltaram a alvejar Beirute. O porto da cidade, um reservatório de gás no norte e os subúrbios xiitas do sul foram atingidos ontem.
O Exército também atacou estações de radar das Forças Armadas libanesas, afirmando que eram usadas pelo Hizbollah. Soldados de Israel trocaram fogo com membros do grupo xiita e disseram que evitaram uma tentativa de infiltração em território israelense.
França, Estados Unidos, Reino Unido e Itália começaram a retirar seus cidadãos do Líbano. Uma balsa italiana partiu ontem para o Chipre com mais de 300 pessoas de várias nacionalidades. As pistas do aeroporto de Beirute foram destruídas por bombardeios de Israel, assim como as bases aéreas importantes do Líbano. Ainda há vias de acesso pela Síria, mas a principal estrada entre Beirute e Damasco também foi destruída. O porto está bloqueado por navios de guerra israelenses, e a balsa italiana recebeu permissão israelense para navegar.

Hospital atingido
O Hizbollah lançou mais de 50 foguetes contra o norte de Israel ontem. Milhares de pessoas fugiram das cidades da região. Um deles caiu perto de um hospital e feriu quatro pessoas.
Outro atingiu um prédio de apartamentos na cidade de Haifa. Os dois pisos superiores desabaram. Quatro pessoas ficaram feridas. Os militares israelenses disseram que o foguete era de fabricação síria. Outras seis cidades do norte de Israel foram atingidas.
O Exército de Israel disse que destruiu um míssil iraniano do Hizbollah com mais de 150 quilômetros de alcance, capaz de atingir Tel Aviv, que já está em estado de alerta. O artefato seria do tipo "Zilzal".
O Irã, o qual Israel acusa de armar e financiar o Hizbollah, acenou ontem com uma proposta de trégua e troca dos dois soldados seqüestrados por prisioneiros libaneses, sem englobar palestinos. Em Damasco, capital da Síria, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, defendeu um cessar-fogo seguido de troca de prisioneiros.
A idéia, assim como iniciativas diplomáticas anteriores, não teve repercussão em Jerusalém. Em discurso à nação feito no Parlamento, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, voltou a enumerar as condições israelenses para um cessar-fogo: devolução dos soldados, fim dos disparos do Hizbollah e a retirada das milícias do sul do Líbano, que seria vigiado pelo Exército libanês.
"Chega. Israel não será mantido refém nem de gangues terroristas, nem de uma autoridade terrorista, ou de um Estado soberano", disse, em referência ao Hizbollah, ao Hamas, à Autoridade Nacional Palestina e ao Líbano. "Vamos continuar a lutar com força total para parar o terror." Olmert não deu indícios da duração da ofensiva contra o Líbano, que considera responsável pela situação atual, por não reprimir o Hizbollah.
O vice-comandante do Estado Maior israelense, o major Moshe Kaplinsky, disse que a operação vai durar "pelo menos outra semana". Segundo Kaplinsky, o Exército não tem intenção de atacar civis. Os israelenses sustentam que o Hizbollah faz "uso cínico" da população, misturando-se a civis.
Em Beirute, depois de reunião com seu colega libanês, Fouad Siniora, o primeiro-ministro da França, Dominique de Villepin, manifestou apoio ao plano de envio de uma força internacional ao sul do Líbano e pediu uma trégua imediata.
A ONU mandou uma missão diplomática à região, mas ainda não conseguiu resultados.

Outra frente
Na outra frente de batalha, aviões de Israel destruíram o Ministério das Relações Exteriores palestino, em Gaza. Em Nablus, na Cisjordânia, um soldado israelense morreu e seis ficaram feridos em uma emboscada das Brigadas de Mártires de Al Aqsa. O grupo anunciou que a operação foi realizada em apoio ao Hizbollah.


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