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Mortos passam de 200; Israel não cede
Premiê israelense condiciona trégua a libertação de soldados e ignora proposta do Irã; França apóia envio de tropas da ONU
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE HAIFA
Ataques aéreos israelenses
mataram 48 pessoas no Líbano,
sendo dez civis, no sexto dia de
conflito entre o país e o Hizbollah, elevando o número de civis mortos a 196. O grupo terrorista voltou a atingir a cidade
portuária de Haifa, a terceira
maior de Israel, onde um prédio de apartamentos de três andares foi parcialmente destruído, ferindo quatro civis. Desde
o início da violência, na última
quarta-feira, 12 civis e 12 soldados de Israel morreram.
Mais de 100 mil pessoas já
deixaram o país e cruzaram a
fronteira para a Síria. A ofensiva de Israel deixou milhares de
xiitas do sul do Líbano desabrigados. Muitos estão em instituições do governo em Beirute.
Dez civis morreram e pelo
menos sete foram feridos em
carros bombardeados quando
viajavam do sul libanês para a
capital. Segundo fontes médicas, eles estavam em uma ponte
quando foram atingidos.
No sul do Líbano, as forças de
paz da ONU disseram que não
estão conseguindo levar ajuda
humanitária porque Israel não
garante sua segurança. Os militares israelenses dizem que vão
criar uma "zona de segurança"
virtual de um quilômetro no
território libanês para evitar a
aproximação do Hizbollah.
Caças israelenses voltaram a
alvejar Beirute. O porto da cidade, um reservatório de gás no
norte e os subúrbios xiitas do
sul foram atingidos ontem.
O Exército também atacou
estações de radar das Forças
Armadas libanesas, afirmando
que eram usadas pelo Hizbollah. Soldados de Israel trocaram fogo com membros do grupo xiita e disseram que evitaram uma tentativa de infiltração em território israelense.
França, Estados Unidos, Reino Unido e Itália começaram a
retirar seus cidadãos do Líbano. Uma balsa italiana partiu
ontem para o Chipre com mais
de 300 pessoas de várias nacionalidades. As pistas do aeroporto de Beirute foram destruídas por bombardeios de Israel,
assim como as bases aéreas importantes do Líbano. Ainda há
vias de acesso pela Síria, mas a
principal estrada entre Beirute
e Damasco também foi destruída. O porto está bloqueado por
navios de guerra israelenses, e a
balsa italiana recebeu permissão israelense para navegar.
Hospital atingido
O Hizbollah lançou mais de
50 foguetes contra o norte de
Israel ontem. Milhares de pessoas fugiram das cidades da região. Um deles caiu perto de um
hospital e feriu quatro pessoas.
Outro atingiu um prédio de
apartamentos na cidade de
Haifa. Os dois pisos superiores
desabaram. Quatro pessoas ficaram feridas. Os militares israelenses disseram que o foguete era de fabricação síria.
Outras seis cidades do norte de
Israel foram atingidas.
O Exército de Israel disse que
destruiu um míssil iraniano do
Hizbollah com mais de 150 quilômetros de alcance, capaz de
atingir Tel Aviv, que já está em
estado de alerta. O artefato seria do tipo "Zilzal".
O Irã, o qual Israel acusa de
armar e financiar o Hizbollah,
acenou ontem com uma proposta de trégua e troca dos dois
soldados seqüestrados por prisioneiros libaneses, sem englobar palestinos. Em Damasco,
capital da Síria, o ministro das
Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, defendeu
um cessar-fogo seguido de troca de prisioneiros.
A idéia, assim como iniciativas diplomáticas anteriores,
não teve repercussão em Jerusalém. Em discurso à nação feito no Parlamento, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, voltou a enumerar as
condições israelenses para um
cessar-fogo: devolução dos soldados, fim dos disparos do Hizbollah e a retirada das milícias
do sul do Líbano, que seria vigiado pelo Exército libanês.
"Chega. Israel não será mantido refém nem de gangues terroristas, nem de uma autoridade terrorista, ou de um Estado
soberano", disse, em referência
ao Hizbollah, ao Hamas, à Autoridade Nacional Palestina e
ao Líbano. "Vamos continuar a
lutar com força total para parar
o terror." Olmert não deu indícios da duração da ofensiva
contra o Líbano, que considera
responsável pela situação atual,
por não reprimir o Hizbollah.
O vice-comandante do Estado Maior israelense, o major
Moshe Kaplinsky, disse que a
operação vai durar "pelo menos
outra semana". Segundo Kaplinsky, o Exército não tem intenção de atacar civis. Os israelenses sustentam que o Hizbollah faz "uso cínico" da população, misturando-se a civis.
Em Beirute, depois de reunião com seu colega libanês,
Fouad Siniora, o primeiro-ministro da França, Dominique
de Villepin, manifestou apoio
ao plano de envio de uma força
internacional ao sul do Líbano
e pediu uma trégua imediata.
A ONU mandou uma missão
diplomática à região, mas ainda
não conseguiu resultados.
Outra frente
Na outra frente de batalha,
aviões de Israel destruíram o
Ministério das Relações Exteriores palestino, em Gaza. Em
Nablus, na Cisjordânia, um soldado israelense morreu e seis
ficaram feridos em uma emboscada das Brigadas de Mártires de Al Aqsa. O grupo anunciou que a operação foi realizada em apoio ao Hizbollah.
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