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Hotel em Manágua vira palácio do governo deposto no exterior
DO ENVIADO A MANÁGUA
Se Manuel Zelaya ainda é o
presidente de Honduras, então
o novo palácio de governo fica
na ala leste do hotel Best Western, de padrão quatro estrelas,
localizado diante do aeroporto
internacional de Manágua.
Desde o início da semana, Zelaya só deixou o hotel para uma
curta viagem à Guatemala e para reuniões na região da capital
nicaraguense.
Anteontem, por exemplo,
sua única saída foi para ir à embaixada venezuelana, onde gravou uma entrevista ao canal
Telesur, controlado pelo governo do aliado Hugo Chávez e o
único meio de comunicação
que vem tendo acesso direto ao
presidente deposto.
A presença de Zelaya alterou
a rotina do hotel, tradicionalmente ocupado por turistas
americanos antes ou depois de
visitar as praias do país. Parte
dos corredores tem o acesso
bloqueado por membros armados da Polícia Nacional, obrigando os hóspedes a fazer caminhos alternativos para chegar ao seus quartos. Há ainda
agentes da inteligência nicaraguense no lobby do hotel e circulando pelos corredores.
Apesar das dezenas de policiais, a comitiva de Zelaya estava preocupada com a segurança
do presidente deposto. Na madrugada de ontem, ele deixou o
quarto 45 para dormir numa
residência não identificada de
Manágua. Os assessores, no entanto, permaneceram no hotel.
A parte mais bem guardada é
o "escritório da crise", onde
cerca de dez assessores hondurenhos e funcionários de Chávez passam a maior parte do
dia. Dentro, um forte ar condicionado, uma grande mesa em
formato retangular, laptops e
uma televisão sempre sintonizada na Telesur ou no canal estatal venezuelano VTV.
Num dos quartos diante da
sala, assessores guardavam caixas de telefone celular e rolos
de mapa, em meio a especulações de que Zelaya planeja voltar a Honduras a partir da fronteira nicaraguense.
Mas a estrutura montada não
é suficiente. No lobby do hotel,
é comum ver membros da comitiva de Zelaya se revezando
com turistas em chinelos para
usar os três computadores com
acesso à internet.
Os venezuelanos parecem
estar em número equivalente
ao de hondurenhos. O mais graduado é Francisco Arias Cárdenas, vice-chanceler para América Latina e Caribe, que, junto
com Chávez e militares, liderou
o fracassado golpe de Estado de
1992 contra o então presidente
Carlos Andrés Pérez.
Segundo recepcionista, a comitiva, que inclui os quartos da
equipe da Telesur, não registra
o nome dos hóspedes individualmente -aparecem apenas
como quartos de "ONGs", sem
um nome específico.0
(FM)
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