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ASSÉDIO MORAL
Lena Lavinas alegou ter sido maltratada em órgão da ONU para as relações de trabalho
Brasileira ganha processo contra a OIT
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A economista Lena Lavinas,
51, ganhou processo por assédio
moral que moveu, em tribunal
interno das Nações Unidas, contra a OIT (Organização Internacional do Trabalho), da qual, entre 2000 e 2003, foi analista sênior em políticas sociais.
Com a sentença, publicada em
14 de julho, a brasileira passa a
ter direito a uma indenização de
valor a ser negociado.
A OIT, criada em 1919 e desde
1946 integrada à estrutura da
ONU, tem como objetivo, reconhecido pelos 245 países e territórios a ela filiados, estimular
condições de trabalho condizentes com a liberdade de organização e com os direitos humanos.
O órgão também possui, desde
fevereiro de 2001, um protocolo
sindical interno que protege
seus 1.900 funcionários contra o
assédio moral e o sexual.
Procurada pela Folha, Lavinas
não quis ser entrevistada, porque aguarda o julgamento de
dois outros processos que move
contra o órgão internacional que
a empregou. Ela pretende publicar um livro sobre o episódio.
A OIT, por meio do porta-voz
Luís Antonio Córdova, disse ontem que a política interna do órgão é a de não comentar as decisões do tribunal interno.
O diretor-geral da OIT, o chileno Juan Somavia, estará hoje no
Brasil. Participa, no Rio, do 10º
Congresso Mundial de Gestão
de Recursos Humanos.
Ele foi diretamente atingido
pela sentença do Tribunal Administrativo da ONU, nome oficial daquela corte interna.
A sentença declarou "inválido" despacho que ele assinou
em novembro de 2002, no qual,
após negar que a economista
viesse sofrendo assédio, recomendou que o departamento de
recursos humanos a assistisse
para que ela superasse "o estresse e se familiarizasse com as regras do órgão".
Entre 2001 e 2002, antes que a
economista brasileira fosse beneficiada pela sentença do tribunal da ONU, 87 funcionários
contataram a ombudsman da
OIT, Joan Connors, para relatar
casos de assédio. O dado consta
de relatório da ombudsman.
O texto da sentença não entra
em detalhes sobre os episódios
nos quais a economista foi vítima. Menciona, no entanto, "violência psicológica" e "ofensas à
dignidade" praticadas por seus
superiores, do Programa de Segurança Socioeconômica.
Por sete anos pesquisadora do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e hoje professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Lavinas
acaba de publicar, com Eduardo
Henrique Garcia, "Programas
Sociais de Combate à Fome"
(editora da UFRJ/Ipea).
Seu processo recebeu o nº
2.370 e foi julgado pelos juízes
Michel Gentot, James K. Huggessen e Mary G. Gaudron.
Antes de o caso chegar ao tribunal, suas queixas foram submetidas a sindicância interna da
OIT. Seu chefe imediato, Guy
Standing, defendeu-se com a
apresentação de um abaixo-assinado de outros funcionários que
o inocentava da acusação de assédio. Mas os signatários dependiam dele para a renovação de
seus contratos de trabalho.
A sindicância, feita em maio de
2002, criticou o superior de Lavinas pela "ausência de intenso
treino no exercício das funções
de comando de equipe" e recomendou que ele fosse transferido para um cargo em que não
estivesse mais encarregado da
gestão de pessoal. A transferência não foi feita pelo diretor-geral, Juan Somavia.
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