São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2008

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EUA e Canadá se aliam contra russos no Ártico

Região pode ter enormes reservas de petróleo e gás

CHRISTOPHER MASON
DO "FINANCIAL TIMES", EM OTTAWA

Parcerias inesperadas estão sendo formadas entre países interessados em ampliar seus territórios submarinos no Ártico e que estão se unindo para combater as reivindicações agressivas da Rússia na região.
Um navio quebrador de gelo da guarda costeira dos EUA deixou um porto do Alasca na semana passada para, juntamente com um navio semelhante canadense, fazer uma sondagem sísmica do leito do mar de Beaufort, ao norte da fronteira entre Yukon e Alasca.
Esses países estão reunindo material de pesquisa para fundamentar sua reivindicação de territórios árticos que podem conter enormes reservas de recursos naturais, além de potenciais novas rotas marítimas.
Canadá e EUA dizem que uma disputa anterior entre eles em torno de uma área de 12 mil kmht2 do leito marítimo em outra parte do mar de Beaufort está sendo deixada de lado em nome da defesa contra as reivindicações da Rússia no Ártico, que se chocam com as de EUA, Canadá, Dinamarca e Noruega.
"Os russos sabem para quê querem o Ártico, e, sob [Vladimir] Putin e [Dmitri] Medvedev, vêm agindo com agressividade", disse Rob Huebert, diretor do Centro de Estudos Militares e Estratégicos da Universidade de Calgary. "Estão muito adiante de outros países."
A questão de que país é dono do Pólo Norte era um problema de segundo plano enquanto a região era recoberta por uma camada de gelo impenetrável.
Mas o aquecimento global sugere que a região, que pode conter um quarto das reservas mundiais remanescentes de petróleo e gás, pode ser novo alvo de disputas, à medida em que a camada de gelo diminui.

Em busca de provas
No início do mês, cientistas canadenses e dinamarqueses, em comunicado conjunto, afirmaram que a cordilheira Lomonosov, abaixo do pólo Norte, está ligada às placas da América do Norte e Groenlândia. Os dois países podem discordar sobre onde dividir a cordilheira entre eles, mas concordam que ela não é uma extensão da plataforma continental russa.
Os países são autorizados a estender seu controle do leito marítimo além dos limites costumeiros se provarem que ele faz parte de sua plataforma continental. Moscou primeiro reivindicou a cordilheira Lomonosov em 2001 e reiterou a reivindicação em 2007.
A posição dos EUA em relação ao Ártico é complicada porque o Congresso não ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito Marítimo, a instância última que decide sobre essas reivindicações. Mas as autoridades americanas estão avançando na esperança de que a convenção seja ratificada antes do término do prazo fixado para a ONU para reivindicações territoriais, em 2013.

Tradução de CLARA ALLAIN



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