São Paulo, terça-feira, 18 de agosto de 2009

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Mexicano abre portas a acordo de livre comércio

DA ENVIADA A BRASÍLIA

O presidente do México, Felipe Calderón, defendeu ontem em Brasília que seu país estude a possibilidade de assinar um acordo de livre comércio com o Brasil, tema ansiado pela indústria brasileira, mas que provoca resistência em parte do setor produtivo mexicano, em especial o agronegócio.
No último dos três dias de sua visita ao Brasil, Calderón prometeu, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acelerar a aliança bilateral e disse que os países devem formar um "G2" latino-americano para garantir que a voz da região seja ouvida em grupos como G5 e o G20. Antes de Brasília, o mexicano passou por São Paulo e Rio de Janeiro.
Lula também pregou uma aliança "verdadeiramente estratégica" com o México.
Foram assinados 18 acordos -de intercâmbio acadêmico à formação de um grupo sobre biocombustíveis. Os presidentes acertaram ter reuniões de trabalho uma vez por ano.
Às voltas com a profunda crise que começou nos EUA, o mexicano elogiou o Brasil pela opção preferencial pelos emergentes - a única capaz de trazer crescimento, pregou, num endosso da diplomacia sul-sul.
Prometeu analisar "todas as opções que permitam" aumentar o comércio bilateral, que em 2008 alcançou pouco mais de US$ 7 bilhões -menos de 2% das vendas totais de cada um.
Quando mencionou livre comércio, porém, o presidente mexicano pregou uma análise "serena". A cautela se deve à resistência de setores produtivos mexicanos -especialmente o agronegócio, profundamente afetado pela invasão dos grãos americanos pós-Nafta, a área de livre comércio do país com EUA e Canadá.
Antes da visita de Calderón ao Brasil, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e sua contraparte mexicana enviaram cartas aos respectivos governos pedindo queda de tarifas no mercado bilateral, mas evitaram usar a expressão "livre comércio", justamente para evitar suscetibilidades.
A situação atual é o inverso do fim dos anos 90, quando era o México que insistia por uma maior abertura brasileira, e a indústria local temia a invasão de produtos baratos das maquiladoras (finalizadoras) instaladas com o Nafta.
De lá para cá, a maioria das maquiladoras migrou para a China. Agora, aposta a CNI, têxteis e eletrônicos estão entre os itens brasileiros que podem competir com os produtos chineses que invadiram o mercado mexicano.
Após passar também por Colômbia e Uruguai, Calderón volta ao México com o desafio de fazer passar no Legislativo um indigesto pacote anticrise, que misturará corte de gastos, corte da máquina estatal e talvez aumento de impostos. O governo acaba de perder a maioria na Câmara para o oposicionista PRI (Partido da Revolução Institucional), que resiste a repartir com Calderón o custo político das medidas. (FM)


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