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Mexicano abre portas a acordo de livre comércio
DA ENVIADA A BRASÍLIA
O presidente do México, Felipe Calderón, defendeu ontem
em Brasília que seu país estude
a possibilidade de assinar um
acordo de livre comércio com o
Brasil, tema ansiado pela indústria brasileira, mas que provoca resistência em parte do setor produtivo mexicano, em especial o agronegócio.
No último dos três dias de
sua visita ao Brasil, Calderón
prometeu, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
acelerar a aliança bilateral e
disse que os países devem formar um "G2" latino-americano
para garantir que a voz da região seja ouvida em grupos como G5 e o G20. Antes de Brasília, o mexicano passou por São
Paulo e Rio de Janeiro.
Lula também pregou uma
aliança "verdadeiramente estratégica" com o México.
Foram assinados 18 acordos
-de intercâmbio acadêmico à
formação de um grupo sobre
biocombustíveis. Os presidentes acertaram ter reuniões de
trabalho uma vez por ano.
Às voltas com a profunda crise que começou nos EUA, o mexicano elogiou o Brasil pela opção preferencial pelos emergentes - a única capaz de trazer crescimento, pregou, num
endosso da diplomacia sul-sul.
Prometeu analisar "todas as
opções que permitam" aumentar o comércio bilateral, que em
2008 alcançou pouco mais de
US$ 7 bilhões -menos de 2%
das vendas totais de cada um.
Quando mencionou livre comércio, porém, o presidente
mexicano pregou uma análise
"serena". A cautela se deve à resistência de setores produtivos
mexicanos -especialmente o
agronegócio, profundamente
afetado pela invasão dos grãos
americanos pós-Nafta, a área
de livre comércio do país com
EUA e Canadá.
Antes da visita de Calderón
ao Brasil, a CNI (Confederação
Nacional da Indústria) e sua
contraparte mexicana enviaram cartas aos respectivos governos pedindo queda de tarifas no mercado bilateral, mas
evitaram usar a expressão "livre comércio", justamente para
evitar suscetibilidades.
A situação atual é o inverso
do fim dos anos 90, quando era
o México que insistia por uma
maior abertura brasileira, e a
indústria local temia a invasão
de produtos baratos das maquiladoras (finalizadoras) instaladas com o Nafta.
De lá para cá, a maioria das
maquiladoras migrou para a
China. Agora, aposta a CNI,
têxteis e eletrônicos estão entre os itens brasileiros que podem competir com os produtos
chineses que invadiram o mercado mexicano.
Após passar também por Colômbia e Uruguai, Calderón
volta ao México com o desafio
de fazer passar no Legislativo
um indigesto pacote anticrise,
que misturará corte de gastos,
corte da máquina estatal e talvez aumento de impostos. O
governo acaba de perder a
maioria na Câmara para o oposicionista PRI (Partido da Revolução Institucional), que resiste a repartir com Calderón o
custo político das medidas.
(FM)
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