São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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DIPLOMACIA

Lula negocia com Japão, Alemanha e Índia reivindicação em bloco de vagas permanentes no Conselho de Segurança

Brasil busca aliança para ter status na ONU

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitará sua passagem pela ONU, em Nova York, para reforçar a candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança (CS) da organização e se aliar a outros países que têm interesse em pressionar pela reforma da instituição.
Lula se reunirá na terça-feira com seus pares da Índia, do Japão e da Alemanha -todos defensores de uma reforma na ONU e candidatos ao Conselho de Segurança- para discutir o tema. No final do encontro existe a expectativa de os quatro países anunciarem o apoio recíproco às suas candidaturas e a formação de uma aliança para pressionar pela reforma do órgão.
Nos encontros internacionais de Lula e de seu chanceler, Celso Amorim, o Brasil conseguiu declarações favoráveis dos três países à sua candidatura.
Nesta semana, o premiê do Japão, Junichiro Koizumi, e Lula anunciaram uma aliança pelas candidaturas. Foi a primeira vez que Tóquio declarou apoio ao Brasil. Em nota conjunta, os dois países se dizem "candidatos legítimos" ao assento permanente.
No mesmo dia, Amorim declarou que o Brasil apoiava a Alemanha. "Da mesma forma que nós consideramos o Japão e a Alemanha como candidatos naturais entre os países desenvolvidos, eu acredito que a Alemanha e o Japão consideram o Brasil e a Índia como candidatos naturais entre os países em desenvolvimento."
O projeto de entrar para o grupo permanente do CS havia sido levantado e abandonado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Atualmente, o conselho conta com 15 membros, mas apenas cinco são permanentes e com direito a veto -China, EUA, França, Reino Unido e Rússia. Qualquer mudança no conselho deve ser aprovada por 2/3 dos países-membros da Assembléia Geral da ONU. Os cinco membros permanentes têm o poder de vetar eventuais candidatos.
Entre os permanentes, a França foi o que mais explicitou seu apoio à candidatura brasileira. A China e a Rússia indicaram que poderiam apoiar o Brasil.
Amorim considera que uma reforma estrutural na ONU será inevitável e que é preciso aumentar a representatividade dos países em desenvolvimento na instituição. Ele temia que uma eventual reforma incluísse apenas países desenvolvidos no CS.
O ministro afirmou em diversas ocasiões que a ascensão de países em desenvolvimento daria mais legitimidade às decisões da instituição.


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