São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2008

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Ataque à Embaixada dos EUA mata dez no Iêmen

Grupo islâmico local reivindica autoria, mas Washington suspeita da Al Qaeda

Mortos são iemenitas, além de uma indiana; para Bush, é "lembrança de que estamos em guerra com extremistas que irão matar inocentes"

DA REDAÇÃO

Pelo menos dez pessoas, além de seis terroristas, morreram ontem em um ataque articulado com um carro-bomba, lançadores de granadas e armas automáticas contra a Embaixada dos EUA no Iêmen. Embora o atentado na capital, Sanaa, tenha sido reivindicado pelo Jihad Islâmico -sem relação com o grupo homônimo palestino-, Washington suspeita da rede terrorista Al Qaeda.
Entre as vítimas, nove delas iemenitas e uma indiana -nenhum americano-, estavam seis guardas e quatro civis que formavam fila no local. O episódio é o mais mortífero no país desde que o ataque contra o destróier USS Cole, da Marinha dos EUA, matou 17 americanos no porto de Áden em 2000.
O presidente George W. Bush disse que o ataque é "uma lembrança de que estamos em guerra com extremistas que irão matar inocentes para atingir os seus objetivos ideológicos". A secretária de Estado, Condoleezza Rice, disse que o ataque demonstra o "desprezo maléfico" que os terroristas têm pela vida humana.
Autoridades iemenitas dizem que o Jihad Islâmico reivindicou o atentado e prometeu novos ataques contra alvos britânicos, sauditas e dos Emirados Árabes Unidos no país. Mas, segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, "os indícios são de um ataque da Al Qaeda".
De acordo com relatos, terroristas trocaram tiros com a guarda da primeira barricada de proteção antes que o carro-bomba alcançasse a segunda barreira, mas ainda fora dos portões da embaixada. Após a explosão, seguiram-se mais confrontos entre os extremistas e os guardas, e registrou-se uma série de explosões menores causadas por granadas.

Guerra ao terror
Em março, a representação diplomática americana no Iêmen já havia sido alvo de uma tentativa fracassada de ataque terrorista com morteiros. Em abril, a Chancelaria dos EUA ordenou o retorno do corpo diplomático não indispensável do país após ataques contra um complexo residencial no qual vivem americanos. A ordem, porém, foi suspensa em agosto.
O Iêmen -resultado da união entre Iêmen do Norte e Iêmen do Sul em 1990- do presidente Ali Abdullah Saleh, historicamente um santuário de terroristas que já serviu de abrigo a Osama bin Laden, é aliado americano na guerra ao terrorismo. Mas nos últimos anos vem despertando suspeita no governo americano.
Em 2006, um grupo de 23 terroristas, incluindo 10 dos 17 condenados pelo ataque ao USS Cole, escapou de uma prisão de alta segurança. À época surgiram boatos quanto ao envolvimento de oficiais na fuga e infiltração de extremistas nos serviços de segurança e inteligência. Acredita-se também que a região norte hospede campos de treinamento.
Além disso, cerca de um terço dos mais de 250 prisioneiros mantidos pelos EUA sob acusação de envolvimento com terrorismo é iemenita, inclusive o ex-motorista de Bin Laden Salim Hamdan, condenado a cinco anos e meio de prisão.
Neste ano, a sede presidencial iemenita foi duas vezes alvo de tentativas de atentado em abril, e ataques próximos à Embaixada da Itália também foram registrados.

Com agências internacionais



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