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Chávez manobra para preservar seu poder em eleições do dia 26
Presidente venezuelano tem engatilhado projeto que promove estruturas chapa-branca, para compensar perda de deputados
DE CARACAS
Prestes a voltar a enfrentar
alguma oposição no Parlamento, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, já
tem engatilhado um projeto
para de novo concentrar poder em suas mãos: a criação
das comunas, estruturas paralelas que dependerão de
maneira direta do Executivo.
A manobra é uma forma de
Chávez compensar o fato de
que perderá até 40% da Assembleia Nacional na eleição
de 26 de setembro (hoje, devido ao boicote da oposição
em 2005, ele tem 100%).
A ideia é aprovar a lei ainda neste ano, no período de
transição até a posse dos novos deputados. Pelo projeto,
as comunas serão unidades
político-territoriais que poderão abarcar áreas de mais
de um Estado ou município.
Terão porta-vozes, corpo
legislativo e legislação própria -tudo por eleição direta
e aprovação majoritária- e
poderão ter até moeda, coordenada pelo Banco Central.
Administrativamente, dependerão do Conselho Federal de Governo, instância
criada por Chávez em 2009.
Para os opositores, o presidente venezuelano concentrará ainda mais poder.
"Os conselhos comunais
são interessantes. É um modelo de cogestão. Mas o projeto é selar o caminho ao comunismo", diz o oposicionista Emilio Graterón, prefeito
de Chacao, 1 dos 5 municípios que formam Caracas.
A "lei das comunas" faz
parte de um pacote que inclui ainda a lei de "economia
comunal", que prega explicitamente o modelo socialista
"em direção ao fim da divisão
do trabalho". Os porta-vozes
das comunas também terão
de exibir "ética socialista".
As empresas de "propriedade comunal" não pagarão
impostos e terão preferência
em licitações. "Será a morte
lenta das empresas de mercado", continua Graterón.
BANHO-MARIA
Chávez diz que a pequena
propriedade privada está garantida e que a comuna é instrumento de poder do povo.
Na campanha, o presidente tem visitado "comunas em
construção". São 214 ensaios
no país à espera da lei.
Mas não se fala do projeto
na Assembleia. Apesar da
tramitação em urgência, o
texto está em banho-maria.
O vice-presidente da Assembleia Darío Vivas, candidato à reeleição, nega que o
governo tenha congelado o
projeto para evitar repercussão eleitoral negativa.
(FLÁVIA MARREIRO)
Leia texto sobre o uso das
comunas na campanha
eleitoral
folha.com.br/mu800680
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