São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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Jogo dos 7 erros

Jornal pró-governo do Egito manipula foto de cúpula em Washington para favorecer a posição do ditador egípcio, Hosni Mubarak, entre mandatários

Pablo Martinez Monsovias/Associated Press
Na foto original, o ditador do Egito aparece em último no grupo liderado por Obama e atrás de Netanyahu; abaixo, retrato manipulado mostra Hosni Mubarak à frente

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O tradicional jornal governista egípcio "Al Ahram" teve de vir a público ontem justificar a manipulação de uma foto de reunião entre líderes árabes e o presidente americano, Barack Obama, no início do mês, para "favorecer" o ditador Hosni Mubarak.
Na edição da última terça-feira, o periódico -o mais antigo do Egito, que começou a circular em 1876- estampou foto dos líderes em um corredor na Casa Branca em que Mubarak aparece liderando o grupo de mandatários, à frente inclusive de Obama.
No original, no entanto, Mubarak é o último dos cinco líderes -que incluem ainda o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e o rei Abdullah 2º, da Jordânia.
No dia da publicação, encimada pelo título "O caminho para Sharm el Sheikh", os líderes árabes e a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, deram início a nova rodada de conversas no famoso balneário egípcio.
A foto alterada mostra um Mubarak inclusive com o lado para o qual pende sua gravata trocado. O premiê israelense ocupa o lugar do ditador egípcio na foto original.
A manipulação foi inicialmente relatada pelo blogueiro egípcio Wael Khalil e depois difundiu-se por outros veículos do mundo, causando constrangimento tanto ao jornal quanto ao governo.
Na edição de ontem, em editorial, o "Al Ahram" rebateu as críticas, dizendo que a foto "é uma expressão viva e verdadeira da posição proeminente ocupada pelo presidente Mubarak na questão palestina, de seu papel único em liderá-la à frente de Washington ou qualquer outro".
Blogueiros e críticos, no entanto, qualificaram a foto de "não profissional" e exemplo da fraude que o ditador, há 30 anos no cargo, impõe ao seu próprio povo.
Opositores disseram ainda que a iniciativa do jornal foi uma tentativa de tirar a atenção do fato de que o papel do país nas negociações de paz do Oriente Médio diminui.
Apesar de estar presente ao encontro que marcou a retomada das conversas diretas de paz entre Israel e palestinos depois de quase dois anos, Mubarak não participou das reuniões principais.


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