São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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ÁSIA

Para Rumsfeld, situação não exige inspeção do suposto arsenal nuclear norte-coreano; Bush diz procurar "solução pacífica"

Para EUA , Coréia do Norte já tem a bomba

DA REDAÇÃO

O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse acreditar que a Coréia do Norte tenha um pequeno arsenal nuclear, embora os serviços de inteligência americanos não possam ainda confirmar o fato.
"Eu não as vi, eles [os agentes de inteligência] não as viram, ninguém em que eu tenha confiança as viu. Mas eu acredito que eles tenham um pequeno número de armas nucleares", disse.
Autoridades americanas disseram anteontem que Pyongyang admitiu ter um projeto secreto de armas nucleares, porém não ficou claro se os norte-coreanos já teriam um arsenal operativo.
O secretário da Defesa disse que não acha ser necessária a ida de inspetores internacionais de armas ao país, nos moldes da inspeção da ONU no Iraque. "Eles já admitiram a violação de todos os quatro acordos que já tinham firmado sobre o tema. O que faria um inspetor nesse caso, se eles já admitem tudo?", perguntou.
Questionado sobre se achava um bom sinal, um sinal de abertura, que a linha dura da Coréia do Norte passasse a admitir a existência de programas secretos, o secretário Rumsfeld foi taxativo: "Não acho que exista nenhum meio de ver um bom sinal nesse caso. Dissemos a eles que tínhamos provas. De início, eles negaram. Na manhã seguinte, voltaram e confessaram".
A confissão norte-coreana teria vindo durante a viagem do secretário-assistente de Estado dos EUA, James Kelly, ao país. Ao estudar as compras internacionais de Pyongyang, Kelly teria descoberto transações comerciais que indicavam que os norte-coreanos estariam tentando produzir urânio enriquecido, principal insumo das armas nucleares.
Isso violaria um acordo de desarmamento de 1994 entre Pyongyang e Washington.
Alguns membros da linha dura do governo americano defendem que as negociações com Pyongyang sejam suspensas.
Segundo o porta-voz Scott McClellan, o presidente Bush achou as notícias preocupantes e disse levará o tema para a reunião que terá na próxima semana com o presidente chinês, Jiang Zemin. "Estamos procurando uma solução pacífica", disse McClellan.
Bush classifica a Coréia do Norte como componente do "eixo do mal" -os outros são Iraque e Irã.

Reações
Em Pequim, a Chancelaria chinesa disse ser contra a proliferação de armas de destruição em massa e afirmou que o país tem uma política de não apoiar, não encorajar e não ajudar na busca desse tipo de arma.
Apesar de Washington não falar em nenhuma reação imediata contra Pyongyang, as autoridades sul-coreanas já começaram a colocar panos quentes no caso.
"Nossa posição básica é de que quaisquer problemas com a Coréia do Norte sejam resolvidos pelo diálogo", disse o porta-voz do Ministério da Reunificação sul-coreano, Han Sang-il.
Lee Hoi-chang, líder da oposição e primeiro colocado nas pesquisas para substituir o presidente Kim Dae-jung, disse defender uma mudança na Política da Luz Solar, de aproximação com o vizinho do norte. Há eleições presidenciais no dia 19 de dezembro e o presidente é inelegível.
Para os britânicos a admissão norte-coreana levanta questões diferentes das apresentadas pelo Iraque. Segundo um porta-voz do governo britânico, a grande diferença seria que já há diálogo e alguns tratados firmados entre a Coréia do Norte e os EUA. "O fato de que houve essa admissão ocorreu porque há um diálogo em curso entre os dois países", disse.
Moscou disse que procurará os norte-coreanos para saber da extensão do suposto programa. Em Tóquio, a Chancelaria japonesa disse que continuará o diálogo de aproximação com Pyongyang.


Com agências internacionais


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