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Reino Unido reivindica mar da Antártida visando energia
Britânicos pedirão à ONU para explorar gás e petróleo na área internacional
Ambição desafia Tratado da Antártida, assinado em 1959, e deve irritar outros países que reivindicam área, como Argentina e Chile
DA REDAÇÃO
O Reino Unido se prepara para reivindicar nas Nações Unidas o controle sobre mais 1 milhão km2 no fundo do mar da Antártida, região que supostamente é rica em reservas petrolíferas e de gás.
A informação, da Chancelaria britânica, lista o Reino Unido entre os países participantes da corrida para garantir novas fontes de energia. A Rússia
é um dos mais ativos na disputa, com sua reivindicação por
um território no entorno do
pólo Norte, no oceano Ártico.
A intenção do Reino Unido é
apresentar o pedido até 2009,
prazo limite perante a ONU. O
objetivo é que a instância reconheça o direito britânico de explorar petróleo, gás e minerais
em uma área com raio de cerca
de 640 km ao redor da chamada "Antártida britânica"
-triângulo de terra que começa no pólo Sul e que o país europeu reivindica desde 1908.
A proposta contraria o Tratado da Antártida, de 1959, do
qual os britânicos são signatários. Assinado durante a Guerra Fria, o acordo congelou a
disputa na região. Além do Reino Unido, Argentina, Austrália,
Chile, França, Noruega e Nova
Zelândia concordaram em suspender as suas reivindicações
territoriais, abrindo o continente à exploração científica.
A ambição britânica desafia
ainda o protocolo ambiental,
uma sub-regulamentação do
Tratado da Antártida, assinado
em 1991. Por ele, a região é declarada "reserva natural, destinada à paz e à ciência". O protocolo proíbe exploração de recursos minerais -exceto para
fins científicos- até 2048.
Para o porta-voz do Greenpeace Charlie Kronick, o projeto é de uma "irresponsabilidade colossal", por priorizar a busca pela segurança energética, e não a climática.
Pouco se sabe sobre o impacto ambiental potencial em explorar recursos em enormes
profundidades -ainda não há
tecnologia viável. Além disso,
os pólos são vistos como áreas
de controle das mudanças causadas pelo aquecimento global.
A Chancelaria do Reino Unido diz, porém, que a proposta é
apenas uma "salvaguarda para
o futuro" e que não há intenção
em violar a legislação internacional vigente. "Não é razoável
imaginar que o Tratado da Antártida possa ser abolido", disse
uma porta-voz que não quis se
identificar. "Mas, com o objetivo de salvaguardar nossos interesses no futuro, nós estamos
submetendo a reivindicação."
Argentina e Chile
O pedido britânico deve irritar os demais signatários do
tratado, especialmente Argentina e Chile. Parte da chamada
"Antártida britânica" também
é reivindicada pelos dois países
sul-americanos.
No caso argentino, a irritação
é potencialmente maior porque o Reino Unido também se
prepara para pedir autorização
à ONU para explorar o entorno
das Falkland, as Malvinas argentinas, e da ilhota próxima
Geórgia do Sul, ambas objeto
de uma guerra entre os dois
países em 1982. A área é também apontada como rica em
gás e petróleo.
Os britânicos ainda pretendem explorar o mar próximo à
ilha de Ascension, também no
Atlântico, e a ilhota de Rockall,
a oeste da Escócia.
Com agências internacionais
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