São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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Reino Unido reivindica mar da Antártida visando energia

Britânicos pedirão à ONU para explorar gás e petróleo na área internacional

Ambição desafia Tratado da Antártida, assinado em 1959, e deve irritar outros países que reivindicam área, como Argentina e Chile

DA REDAÇÃO

O Reino Unido se prepara para reivindicar nas Nações Unidas o controle sobre mais 1 milhão km2 no fundo do mar da Antártida, região que supostamente é rica em reservas petrolíferas e de gás.
A informação, da Chancelaria britânica, lista o Reino Unido entre os países participantes da corrida para garantir novas fontes de energia. A Rússia é um dos mais ativos na disputa, com sua reivindicação por um território no entorno do pólo Norte, no oceano Ártico.
A intenção do Reino Unido é apresentar o pedido até 2009, prazo limite perante a ONU. O objetivo é que a instância reconheça o direito britânico de explorar petróleo, gás e minerais em uma área com raio de cerca de 640 km ao redor da chamada "Antártida britânica" -triângulo de terra que começa no pólo Sul e que o país europeu reivindica desde 1908.
A proposta contraria o Tratado da Antártida, de 1959, do qual os britânicos são signatários. Assinado durante a Guerra Fria, o acordo congelou a disputa na região. Além do Reino Unido, Argentina, Austrália, Chile, França, Noruega e Nova Zelândia concordaram em suspender as suas reivindicações territoriais, abrindo o continente à exploração científica.
A ambição britânica desafia ainda o protocolo ambiental, uma sub-regulamentação do Tratado da Antártida, assinado em 1991. Por ele, a região é declarada "reserva natural, destinada à paz e à ciência". O protocolo proíbe exploração de recursos minerais -exceto para fins científicos- até 2048.
Para o porta-voz do Greenpeace Charlie Kronick, o projeto é de uma "irresponsabilidade colossal", por priorizar a busca pela segurança energética, e não a climática.
Pouco se sabe sobre o impacto ambiental potencial em explorar recursos em enormes profundidades -ainda não há tecnologia viável. Além disso, os pólos são vistos como áreas de controle das mudanças causadas pelo aquecimento global.
A Chancelaria do Reino Unido diz, porém, que a proposta é apenas uma "salvaguarda para o futuro" e que não há intenção em violar a legislação internacional vigente. "Não é razoável imaginar que o Tratado da Antártida possa ser abolido", disse uma porta-voz que não quis se identificar. "Mas, com o objetivo de salvaguardar nossos interesses no futuro, nós estamos submetendo a reivindicação."

Argentina e Chile
O pedido britânico deve irritar os demais signatários do tratado, especialmente Argentina e Chile. Parte da chamada "Antártida britânica" também é reivindicada pelos dois países sul-americanos.
No caso argentino, a irritação é potencialmente maior porque o Reino Unido também se prepara para pedir autorização à ONU para explorar o entorno das Falkland, as Malvinas argentinas, e da ilhota próxima Geórgia do Sul, ambas objeto de uma guerra entre os dois países em 1982. A área é também apontada como rica em gás e petróleo.
Os britânicos ainda pretendem explorar o mar próximo à ilha de Ascension, também no Atlântico, e a ilhota de Rockall, a oeste da Escócia.


Com agências internacionais


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