São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / CAMPOS DE BATALHA

Obama e McCain disputam Estados de Bush

Consolidado em redutos de seu partido, democrata amplia campanha em bastiões republicanos e em locais indecisos

Candidato governista se vê obrigado a lutar por Estados antes "vermelhos'; Virgínia, Flórida e Ohio, que votaram no presidente, serão cruciais

Chip Somodevilla/Getty Images/France Presse
McCain faz comício na Flórida, Estado que corre risco de perder

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Com pouco mais de duas semanas para reverter a desvantagem nas pesquisas, o candidato republicano à Casa Branca, John McCain, está sendo forçado a concentrar esforços para manter o voto de Estados que, tradicionalmente republicanos, neste ano correm risco de se tornar democratas.
A agenda do candidato reflete a estratégia. Ontem, McCain discursou em Miami e Melbourne, na Flórida, e sua candidata a vice, Sarah Palin, em Ohio e Indiana. Hoje, McCain vai à Carolina do Norte e à Virgínia. Ohio o recebe no domingo e Missouri, na segunda.
O fato de a chapa republicana precisar fazer campanha em locais como Indiana e Virgínia -que não votam em democratas há quatro décadas- a 17 dias da eleição já ilustra as dificuldades. Todos os Estados mencionados acima votaram no republicano George W. Bush em 2004 e 2000. Hoje, pesquisas não conseguem dar vantagem clara a nenhum candidato nesses Estados, à exceção de Virgínia, onde McCain perde por 8,1 pontos na média do site Real Clear Politics.
Na Flórida, com 27 votos no Colégio Eleitoral, McCain buscou apoio latino ontem com retórica anti-Castro. "Se eleito, não vou me encontrar incondicionalmente com os irmãos [Fidel e Raúl] Castro. Vamos pressionar Cuba a libertar seu povo", disse. Ele também voltou a usar a imagem de Joe, o encanador, para apelar à classe média. Joe é um eleitor republicano que questionou Obama sobre seu plano de subir impostos para quem ganha mais de US$ 250 mil anuais.

Mudança de rumo
Apesar de ter votado apenas uma vez em um democrata (Bill Clinton) nos últimos 30 anos, a Flórida hoje pende para Obama (em 2000, Bush levou o Estado por decisão da Suprema Corte). O democrata tem hoje 3,2 pontos de vantagem média ali, dentro da margem de erro.
Em Ohio, Obama também está a frente por 3,2 pontos. Em Indiana, McCain tem vantagem instável de 3,8 pontos.
Na Virgínia, com 13 votos no Colégio Eleitoral, McCain pede hoje aos simpatizantes que "vistam algo vermelho para lembrar que é preciso manter o Estado republicano". Republicanos ainda circulam e-mails no Estado com imagem de um rosto de pele escura e as palavras: "A América deve olhar o Mal nos olhos e enfrentá-lo".
O Comitê Nacional Republicano disparou mensagens telefônicas em Virgínia, Colorado e outros Estados indecisos sobre supostas "conexões de Obama com terroristas".
A eleição presidencial americana é indireta. No dia 4, haverá a votação popular, cujos resultados norteiam o voto dos delegados estaduais que escolherão o presidente no Colégio Eleitoral, em 15 de dezembro. À exceção de Maine e Nebraska, quem vence em um Estado leva todos os delegados. É eleito quem alcançar 270 dos 538 votos.

Corte democrata
A situação de McCain piora com a expansão dos esforços democratas, que, seguros em locais tradicionalmente seus, investem nos de tendência republicana e indecisos.
Na Flórida, que visitará segunda-feira, Obama mantém cinco de seus assessores sêniores e mais de 400 funcionários. Os democratas estimam gastos de US$ 39 milhões até 4 de novembro no Estado -Obama vem gastando três vezes mais que McCain com anúncios ali.
"Não estamos acostumados a perder no total investido", disse Al Cardenas, conselheiro de McCain. "Agora entendemos o que o outro lado sentia."
Virgínia também está na mira democrata, que busca consolidar a vantagem atual. Obama foi a comício na cidade de Roanoke ontem. Hoje ele vai ao Missouri e no domingo será a vez da Carolina do Norte. Sua campanha está estudando aumentar os gastos em Kentucky, Dakota do Norte e Geórgia -McCain lidera nos três.
Se Obama mantiver os Estados que votaram em John Kerry em 2004 e conquistar ou Ohio e Flórida ou uma série de Estados menores, ele vence.


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