São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2011

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A ARGENTINA VOTA

Cristina tenta reaver maioria no Congresso

No domingo, além da Presidência, eleição incluirá metade da Câmara, um terço do Senado e nove governadores

Governo quer aprovar leis com mais folga; aliados já falam em derrubar o limite à reeleição da presidente

LUCAS FERRAZ
SYLVIA COLOMBO

DE BUENOS AIRES

Além de confirmar a provável reeleição de Cristina Kirchner, os argentinos irão às urnas no domingo (23) para renovar metade da Câmara e um terço do Senado -além de eleger os governadores de nove das 23 províncias. O novo Congresso tomará posse em dezembro.
A votação definirá a formação do novo Congresso e o poder da base kirchnerista para promover reformas como uma alteração na Constituição para instituir a reeleição indefinida, proposta defendida por alguns aliados.
O governo busca reverter o revés das eleições legislativas de 2009, quando perdeu a maioria no Congresso após a crise com produtores rurais por causa da alta nos tributos de exportação. O episódio levou ao rompimento de Cristina com seu vice, Julio Cobos, que preside o Senado.
O primeiro objetivo de Cristina na eleição legislativa é comum: não ter dificuldade para aprovar projetos do Executivo. De 2005 a 2009, o kirchnerismo tinha maioria no Legislativo e uma certa tranquilidade para aprovar leis da sua agenda, como a que prevê acabar com o que considera monopólio da mídia.
Segundo as projeções mais conservadoras, o governo deve obter cerca de 132 das 257 cadeiras da Câmara e 38 das 72 vagas do Senado -aumento total estimado em 40%.
Os candidatos da oposição à Presidência, conformados com a derrota prevista, fazem campanha pedindo votos para seus candidatos ao Congresso, como forma de limitar o poder de Cristina em um eventual segundo mandato.
Com a possível adesão de outros congressistas, como os peronistas dissidentes (atualmente não alinhados com a Casa Rosada), a base kirchnerista poderia superar os dois terços dos membros do Congresso, obtendo uma "maioria qualificada" que permitiria, por exemplo, reformar a Constituição.
Ministros e a presidente ainda não se manifestaram sobre o tema, mas muitos deputados aliados já defendem abertamente reforma para permitir a reeleição indefinida -quando governou a província de Santa Cruz, nos anos 90, o kirchnerismo mudou duas vezes a Constituição local com esse fim.
"Alterar a Constituição é um assunto que sempre aparece. O governo, ao ficar calado, incentiva esse debate, que é ótimo para eles", diz o analista Sergio Berensztein.
"Sugerir a reeleição neste momento seria afastar alguns apoios importantes, principalmente de eventuais candidatos a sucedê-la, como Daniel Scioli (atual governador da província de Buenos Aires) ou Rodriguez Sáa (governador de San Luis)", afirma o sociólogo Marcos Novaro.


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