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Chavista anti-reforma definirá referendo
40% dos que apóiam Chávez são contra mudanças na Carta, diz pesquisador, mas ainda preferem se abster a "trair" presidente
Entre venezuelanos que afirmam que votarão no próximo dia 2, "sim" ganha por pouco; oposição hesita em convocar às urnas
DE CARACAS
Conhecido por sua capacidade de mobilizar o eleitorado em
campanhas anteriores, o presidente Hugo Chávez tem agora a
abstenção como o principal
aliado para vencer o referendo
sobre a reforma constitucional,
daqui a duas semanas, revelam
pesquisas de opinião.
Segundo o levantamento da
empresa Hinterlaces, 55% das
pessoas acham que a reforma
prejudica o país e obedece a um
"interesse pessoal" de Chávez.
Na intenção de voto, apenas
31% optariam pela aprovação,
contra 45% que rejeitariam a
proposta -os demais 24% não
sabem ou não responderam.
Mas Chávez leva vantagem
-ainda que dentro da margem
de erro- quando se examina a
inclinação dos que estão decididos a comparecer às urnas na
Venezuela, país onde o voto
não é obrigatório.
Dentro do universo dos que
disseram que votarão (61% do
total), 45% optaram pelo "sim"
e 43% escolheram o "não", um
empate técnico -a margem de
erro é de quatro pontos percentuais, para cima ou para baixo.
O Hinterlaces entrevistou 1.113
pessoas por telefone em 13 dos
24 Estados venezuelanos entre
os últimos dias 6 e 9.
O projeto de reforma constitucional, que será votado em 2
de dezembro, prevê a reeleição
indefinida para presidente, aumenta as atribuições do Poder
Executivo e concede benefícios
sociais, como a redução da jornada de trabalho.
Limbo
O diretor do instituto Datanálisis, Luis Vicente León, tem
estimativas mais favoráveis a
Chávez. Com base em sua última pesquisa, calcula que a reforma constitucional seria
aprovada hoje com 60%.
Apesar da reticência de parte
da oposição em fazer campanha pelo voto, paradoxalmente
a maior tendência à abstenção
está entre os chavistas que rejeitam a reforma, segundo
León. "Sessenta por cento dos
chavistas dizem que vão votar,
mas outros 40% dizem que não
votarão porque preferem o
"não". Então a abstenção do
"não" é por causa dos chavistas.
Não é o antichavista que não
votará", disse à Folha.
"As pessoas ficam como num
limbo: "Não gosto da reforma,
mas gosto do Chávez. Não sou
traidor, prefiro não votar"."
Para o diretor do Datanálisis,
a tarefa da oposição seria convencer os chavistas contrários
à reforma a votar. "Esse chavista é indispensável para o "não"
ganhar. Se a oposição não convencê-los, não poderá ganhar."
O problema é que não há
consenso entre as forças oposicionistas. Os ruidosos líderes
estudantis, por exemplo, até
hoje não defenderam o comparecimento às urnas e exigem
adiar o referendo para 2008.
Entre os que chamaram ao voto se destacam o governador de
Zulia, Manuel Rosales, segundo colocado nas eleições presidenciais de dezembro, e o ex-ministro da Defesa Raúl Isaías
Baduel, recém-rompido com
Chávez.
(FABIANO MAISONNAVE)
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