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CRISE FINANCEIRA
Servidores pedem salários atrasados em Corrientes, que está sob intervenção, e enfrentam policiais
Protesto em Província argentina mata 2
VANESSA ADACHI
de Buenos Aires
Confrontos violentos entre funcionários públicos que não recebem salários e forças de segurança federais deixaram pelos menos
dois mortos e dezenas de feridos,
ontem, na Província de Corrientes, nordeste da Argentina.
Embora a região esteja em crise
desde meados do ano, é a primeira vez que há mortes entre os manifestantes. O incidente ocorre na
primeira semana de governo do
presidente Fernando de la Rúa.
Algumas horas antes, De la Rúa
havia decretado intervenção federal na Província. O anúncio não
satisfez os funcionários, que se
negaram a desobstruir pontes e
rodovias que haviam bloqueado.
Durante a madrugada de ontem, usando armas com balas de
borracha e gás lacrimogêneo, cerca de 200 soldados da Gendarmería Nacional (polícia de fronteiras) retiraram os manifestantes à
força da ponte General Belgrano,
uma das principais da Província,
que liga a capital Corrientes à cidade de Resistência.
A ponte estava bloqueada por
barricadas havia seis dias, isolando a região do resto do país.
Decididos a não se render, os
manifestantes foram para uma
importante avenida e os enfrentamentos continuaram.
Cerca de 50 feridos foram enviados aos hospitais e, até o final da
tarde de ontem, havia confirmação oficial das mortes de dois homens, um de 18 anos e outro de
25. Segundo os manifestantes,
uma mulher grávida seria a terceira vítima fatal, morta por asfixia
por causa do gás lacrimogêneo.
O ministro do Interior, Federico
Storani, disse que as mortes serão
investigadas. Ramón Mestre, o interventor nomeado, declarou que
os mortos no confronto foram
atingidos por balas calibre 22,
munição que não é utilizada pela
Gendarmería. Os manifestantes
rejeitaram as insinuações de que
os mortos teriam sido vítimas de
seus próprios disparos.
Ramón Mestre só assumirá o
cargo na segunda-feira. Ele afirmou que a tarefa de restabelecer a
paz na região "será difícil, porque
há três anos a Província não tem
nem Orçamento".
A CTA, segunda maior central
sindical do país, convocou uma
greve geral para protestar contra a
violência em Corrientes.
Ontem, a equipe de De la Rúa
buscava fundos para financiar
uma remessa de US$ 30 milhões
na próxima semana para iniciar o
pagamento dos salários atrasados. Essa será a segunda parcela
de uma verba de US$ 90 milhões
que o ex-presidente Carlos Menem já havia acordado em enviar.
Os moradores já enfrentam desabastecimento. A obstrução das
vias de acesso têm impedido também que caminhões transportando cargas do Brasil e do Paraguai
trafeguem pela região.
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