São Paulo, Sábado, 18 de Dezembro de 1999


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CRISE FINANCEIRA
Servidores pedem salários atrasados em Corrientes, que está sob intervenção, e enfrentam policiais
Protesto em Província argentina mata 2

VANESSA ADACHI
de Buenos Aires

Confrontos violentos entre funcionários públicos que não recebem salários e forças de segurança federais deixaram pelos menos dois mortos e dezenas de feridos, ontem, na Província de Corrientes, nordeste da Argentina.
Embora a região esteja em crise desde meados do ano, é a primeira vez que há mortes entre os manifestantes. O incidente ocorre na primeira semana de governo do presidente Fernando de la Rúa.
Algumas horas antes, De la Rúa havia decretado intervenção federal na Província. O anúncio não satisfez os funcionários, que se negaram a desobstruir pontes e rodovias que haviam bloqueado.
Durante a madrugada de ontem, usando armas com balas de borracha e gás lacrimogêneo, cerca de 200 soldados da Gendarmería Nacional (polícia de fronteiras) retiraram os manifestantes à força da ponte General Belgrano, uma das principais da Província, que liga a capital Corrientes à cidade de Resistência.
A ponte estava bloqueada por barricadas havia seis dias, isolando a região do resto do país.
Decididos a não se render, os manifestantes foram para uma importante avenida e os enfrentamentos continuaram.
Cerca de 50 feridos foram enviados aos hospitais e, até o final da tarde de ontem, havia confirmação oficial das mortes de dois homens, um de 18 anos e outro de 25. Segundo os manifestantes, uma mulher grávida seria a terceira vítima fatal, morta por asfixia por causa do gás lacrimogêneo.
O ministro do Interior, Federico Storani, disse que as mortes serão investigadas. Ramón Mestre, o interventor nomeado, declarou que os mortos no confronto foram atingidos por balas calibre 22, munição que não é utilizada pela Gendarmería. Os manifestantes rejeitaram as insinuações de que os mortos teriam sido vítimas de seus próprios disparos.
Ramón Mestre só assumirá o cargo na segunda-feira. Ele afirmou que a tarefa de restabelecer a paz na região "será difícil, porque há três anos a Província não tem nem Orçamento".
A CTA, segunda maior central sindical do país, convocou uma greve geral para protestar contra a violência em Corrientes.
Ontem, a equipe de De la Rúa buscava fundos para financiar uma remessa de US$ 30 milhões na próxima semana para iniciar o pagamento dos salários atrasados. Essa será a segunda parcela de uma verba de US$ 90 milhões que o ex-presidente Carlos Menem já havia acordado em enviar.
Os moradores já enfrentam desabastecimento. A obstrução das vias de acesso têm impedido também que caminhões transportando cargas do Brasil e do Paraguai trafeguem pela região.


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